quinta-feira, julho 31, 2003

a noite ficou estranha, besta, sem graça e chata. nao queria mais ir ver filme nenhum, e toda vez que mudavam de planos o plano dela era voltar pra casa. quando resolveram por um rodízio de pizza ela quase nao ia. foi. e quase nao comeu. brigou com dois garçons (queria gelo), nao comeu a pizza de chocolate (a mais esperada de todas). nao quis alugar um filme e assitir na casa da amiga. nao quis dormir quando chegou em casa. nao quis trocar de roupa. deu a senha do e-mail para o irmão. bebeu 1 litro de água. devoveu o livro (quase no final) para a estante. resolveu postar. tudo isso depois que ela ouviu que um rapaz de voz bonita tinha ligado pra ela.

domingo, julho 27, 2003

tinha um monte de coisas pra dizer. um livro quase, em espessura convencionalmente falada. ia falar sobre nada, sobre como é esquisito nós perambulando de um lado para o outro, inventando códigos e mais um monte de coisas pra no fim, pluft, acabou-se. dizer que até eu já cansei e que se eu fosse ele também não ia querer falar comigo nunca mais, por mais que a última frase por ele dita tenha sido exatamente o contrário. Eu canso, eu dou nos nervos. dizer que tenho amigos lindos. que talvez eu ficasse mesmo era com o tchau, pq nao sou só eu que canso nessa vida, e dessa história eu já to meio cansada. e que o catatau disse uma coisa hoje, e na realidade ele DISSE mesmo, a máscara se arrebenta no elástico.

quinta-feira, julho 24, 2003

Ela vai lá outra vez. Essa noite as luzes estavam apagadas. Irresitíveis especulações interrompidas pelo perigo da "cidade grande". Alguma frustração na volta pra casa. Voltando pelo mesmo caminho observa que agora não há mais nenhum carro. Dois minutos antes, quando ela quis fazer uma volta na rua tinha um táxi atrás e uma pick up no sentido contrário. Agora não, a rua estava livre. Ela achou engraçado.

quarta-feira, julho 23, 2003

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

Muqueca de Arraia

"gábs nadou de costas. Nadou, nadou, nao cansou. Rimas sao pobres, infelizes que só elas. Diria o M. Bandeira, melhor é dançar um tango argentino. Dancemos, então. Melhor quando tocava Chico Buarque na vitrola. E, sabe-se Deus e a família, quem é Sílvia Jatahy, ou Silva, sei lá. Se eu fosse dona da rua ela se chamaria Façanha Adriana ou Ramalho Farias.
Isso porque Silvia Jatahi, que nào tá nem alí nem acolá, sabe-se lá quem era, se fosse escritor seria Campos Paiva, que nem uma borboleta, não acolá, mas aqui, e outra florzinha bem aqui, que rima com panela, com andarela, até com banguela, que é quando o espaço vazio no sorriso abarca o mundo inteiro.
O gábs baba a Carol todo dia. O mala baba pelo gábs e eu que não sou babada nem nada estou ouvindo a discussão babônica dos dois aqui na minha frente. Enquanto eu escrevo aqui, eles vão lá gastar o banheiro. O chato é que isso não vira rotina e tradição, os telefones não tocam sábado e a bebida dilui no gelo. Chato também é não ir logo. Só, junto, seja como for. O bom de tudo, além de estar aqui, desconexa e atrasada, é ler que o meu sorriso é largo e abarca o silencio, ou alguma coisa que eu nem entendi. E se um dia eu escrever livros infantis, que são os livros menos infantis que existem, eu vou falar sobre a borboleta Lolól e o peixinho Xuquinho, o Astro. Pois é. A Lella vai ocupando por enquanto todos os guardanapos do mundo.
Enfim, minha vez e um restinho de papel deixado pela Lella. Eu amo a Lella e o Gabs. reguiça de escrever. A Lella faz o crepe mais gostoso da paróquia. O Gabs não vai caber no papel, quero é ver.
Fim.
Eu odeio o fim das coisas.
A Lella escreveu depois do fim.
É porque é assim, a gente vai até o fim, depois dobra.

Nós transvemos o ponto."

sábado, julho 19, 2003

chegando agora em casa. aqui e fechada. entrando para concha. peso nos ombros. e na nuca. foram os grampos da fantasia de quinta a noite. o dos ombros, cansaço mesmo, pra todo mundo. pra mim eu nao gosto muito de mentir. ouvindo o que eu nao sabia que tinha armazenado e que está com o nome errado me incomodando. é engraçado como coisas com o nome errado me incomodam. fica ainda mais engraçado porque eu vivo nomeando as coisas sem critérios. as contradições sao sempre engraçadas. as ironias tambem. e o humor negro. é engraçado a hipocrisia das pessoas com o humor negro. mas nem era isso o que eu ia dizer. e agora me assustei em perceber que estou falando de mim novamente na primeira pessoa. e eu nao cultivo o inteligivel. ele que aparece sozinho. e escrevo sem rascunhos, como se fosse pra correr o risco mesmo. acho melhor. se ficar corrigindo sempre fica feio. e se ficar ruim, azar. e tenho mania de deixar a música no repeat. e quando vejo uma canoa cheia de indios em pé, lembro do livro que vinha com um cd com a musiquinha: 1, 2, 3 indiozinhos, 4, 5, 6 indiozinhos, 7, 8, 9 indiozinhos, 10 no pequeno bote, mas nunca me atrevo a contar se tem realmente 10 indiozinhos na canoa que nem tinha desenho do meu livro. gosto de cultivar as recordações. em gavetas, às vezes. outras em muco e cera quentes.

PROMOÇÃO!

O visitante de número 5555 ganha um brinde surpresa. Caso seja você, mande um e-mail para carmirella@hotmail.com, com o ctrl+v da página em anexo. Garanto que é uma coisa bem legal.

sexta-feira, julho 18, 2003

desarrependida, cansada e feliz.

segunda-feira, julho 14, 2003

Um dia e uma noite

deveria ter sido o tempo de permanência desse post. Expirou.

domingo, julho 13, 2003

E se ele chegasse de repente, novamente, dissesse bai beibe e não desse nenhuma explicação? Era no que ela pensava quando virava a chave de casa. Não quis ficar refletindo ou especulando, mas se fizeram inevitáveis algumas suposições. Ela pensa basicamente três coisas. Tchau, ele sempre volta, e, por que isso agora? A chave prende na fechadura, sinal que já se foram as duas voltas, ela acorda. Olha para a formiga que passeia pelo vidro do armário da cozinha. Resolve ter sede para ter que abrir o armário e ter de lutar com a formiga para que ela não entre no armário e acabe entrando em algum copo. Abre. A formiga tenta ligeira. Ela ri, dá-lhe um peteleco e sente aquele prazer de quando se confirma a vitória sobre mais fraco. Pega o copo laranja, de plástico. Já nem tem mais sede. Mas prêmio é prêmio e ela vai buscar a água. Bebe meio sem sentido. Deixa o copo em cima da pia. Dali a alguns minutos a formiga entraria naquele copo. Se ela tivesse ficado observando, com certeza teria se perguntado se formigas bebem água e teria pregado os olhos naquela até jurar ver alguma coisa. Mas ela estava com as mãos cheias, uma calça apertada, vontade de fazer xixi e de tirar a sandália. Vai para o quarto se perguntando então o porquê das sandálias. Nem ele, nem a formiga, agora era a sandália que tinha mais presença nela.

quinta-feira, julho 10, 2003

Seu eu fosse dizer, diria que, nessa hora, o céu parece feito de fórmica.

quarta-feira, julho 09, 2003

Ela, tentando estudar inglês, acaba encontrando Manoel de Barros pelo meio do caminho. Não desite do inglês, mas leva. Ele, que pediu a internet só um segundo (e que por causa disso ela resolveu estudar inglês), acabara de descobrir Machado. E já tava enchendo o saco dela de tanta pergunta. De tanta obraprimariedade que estava atribuindo. Mas ela achou que devia ter paciência. Enquanto ele falava do Memorial ela ia lendo aquele do bola sete. Foi quando ela teve a idéia. Ah! olha só:... ela leu. Ele ouviu tudo. Não riu quanto ela e no final: porque que tu tá lendo isso? Ela tinha paciência. Ele curiosidade. Ela não disse nada. Ele foi até lá e folheou as cópias que ela tinha nas mãos. Parou em um. "A ciência pode classificar e nomear órgãos de um sabiá/ mas não pode medir seus encantos/ A ciência não pode calcular quantos cavalos de força exitem/ nos encantos de um sabiá// Quem acumula muita informação perde o condão de adivinhar: divinare.// Os sabiás divinam". Ela não se contém. Eu acho essa palavra linda, divinare. Ele quis saber o que significava. Ela foi estudar inglês.

terça-feira, julho 08, 2003

Domenico, acho que é porque normalmente blogs são muito mais chatos e excludentes que outros assuntos que temos.

segunda-feira, julho 07, 2003

cada vez é um AH! diferente...

sábado, julho 05, 2003

SOS - Tem Um Louco Solto no Espaço

E aí nesse dia a gente é lançado de dentro de um daqueles canhões como homens-bomba de circo. Logo nesse dia, parece que a gente nunca quis tanto ficar. Mesmo sabendo que, se ficasse, em uma semana ia estar esbravejando querer ir. Nesse dia, mesmo que a gente queira que não signifique muita coisa, é mais saudade as pessoas, mesmo que alí não estejam todas, os bancos, mesmo os que fizeram parte apenas da paisagem, as paredes, as portas, os caminhos, os cavalos de arame. Nesse dia que não tem futuro, ou tem, já que o futuro é essa coisa tenebrosa de mistério mesmo, mas nesse dia não dá muito pra olhar pro pra frente. A gente nem quer. Quem tá lá com a gente é o 99, o 2000, os engraçados que nós éramos - como se tivéssemos deixado de ser -, o que não foi feito, que insiste em perseguir sempre, a mim, pelo menos. Tem sim alguma coisa boa de importância e alívio, lá, funda, que mal faz cócegas e que a gente rejeita nesse dia que é meio de fossa. Tem o diabo do medo, esse inferno contornável. Amanhã, hoje não. E mistura tudo isso que eu tentei separar com um gostar dalí que teimou em aparecer justo agora e com um gostar daquelas coisas, que a gente tenta se convencer que ainda dá pra continuar fazendo do mesmo jeito de alguma forma. E hoje, pelo menos hoje, eu acho que não dá. A gente não é mais a mesma pessoa, porque aquilo que a gente ia vivendo sabendo que algum dia ia chegar, chegou.

quinta-feira, julho 03, 2003

Ela ainda vai lá, naquela noite, entra no beco e conta um, dois, três. Observa as luzes da casa. Estão todas acesas. Fazia uma surpresa? Não. Depois a surpresa era dela... Então volta. Todos os rombos novamente. Todas as minhocas. Tudo. Só que dessa vez a perna tremia mais. Chega em casa. Liga? Liga. Desliga na mesma hora. E dá voltas dentro do cubículo que mora. Muda todas as roupas de lugar. Esfria tudo. Isola acusticamente. Morde o lábio. Escreve no telefone o número três vezes. Percebe que tinha se confundido na brincadeira do corredor - Trocara que ia amar quem loucamente. Examina a calça em que está vestida no espelho grande da porta do guarda-roupas. Enrola o cabelo no próprio cabelo. Abre a janela. Esconde o telefone. Diz chega. Depois pensa que chega não é palavra dela. O nome daquele aperreio não é chega.

quarta-feira, julho 02, 2003

A partir daquele dia ele não tinha mais o rosto quadrado e comum. O cabelo curto bem cortado, olhos bem visíveis, boca exposta. Nariz ele nem tinha. Tinha ombros largos, mas nem tinha tanto assim. Nem sobrancelhas. E pensando agora, nem pernas, mãos, orelhas, ritmo de respiração e de piscada de olhos, unhas, cílios, maçã do rosto, hálito. Não especificamente. Tinha voz, não sei como e não sei de onde, mas tinha, uma voz que enchia o branco todo. E sotaque. E tinha uma puxada de ar para dentro antes de falar, uma fala devagar, mansa. A puxada não, essa é aperreada, como se a fala fosse fugir antes de ele começar a falar. A partir daquele dia se os olhos não fossem aqueles, não havia mais o olhar também. Um olhar de não sei e de não há mais nada além daqui. De que o que existe é o que está acontecendo agora e aqui nesse lugar. Depois daquele dia as coisas continuariam as mesmas, só que agora ele está estranhamente mais desconhecido. Irreconhecível, quase.