sexta-feira, julho 30, 2004

ele foi pro sul. planejei. devo 1000. anularam. quase deu. outro não. cancela. não. cancela. amanhã eu vou. ele foi pro céu. deixa na portaria. qual código? 35. planeja. espera. mais um não. espera. não. nam!

quinta-feira, julho 22, 2004

o bichim tá aqui, sofrendo nessa reforma, não dorme, não come, o cabelo cheirando a tinta mesmo quando acaba de ser lavado. mas tá feliz que só.

segunda-feira, julho 19, 2004

depois ela pensou que a vida não era assim tão simples e clara, que as coisas não são apenas uma coisa só e que rótulos só servem mesmo para garrafas de refrigerante. teve raiva de querer sempre uma definição, uma verdade única nas coisas, se pintou de preto e bateu a porta.

quinta-feira, julho 15, 2004

ela nasceu laranja. a outra achava que ser laranja assim era bobo, feio, desonesto, hipócrita, metido e outras coisas mais. Para a outra bom mesmo era um sereno azul, de valores corretos e retos. E, quando podia, tava lá, martelando nela que dinheiro era bobagem, que ela não ficasse arranjando desculpas para a frescura toda, que deixasse de fazer de conta todas as coisas que a outra dizia ela fazer. E a outra sofria com isso, com a injustiça no mundo, e propagava o sofrimento sentido, como se o sofrimento propagado fosse a arma que ela tinha para lutar - e talvez fosse. a branca não entendia era nada. achava que a retidão não devia ser cobrada, e sim, reconhecida e valorizada, no máximo ensinada a quem se dipusesse aprender. não exigida. porque até mesmo para ser mau carater a pessoa tem que ser livre, poder escolher. achava que justiça não se metia na cabeça de ninguém. quando não já nascesse um pouco com ela a pessoa tinha que sofrer na pele. tinha que se salvar por uma justiça feita, tinha que se estrepar por uma injustiça cometida. e que por isso mesmo não tinha necessidade de catequisação - de martelamento. e achava que os outros; inveja, vingança, ignorância, maquiavelia; esses outros a gente não tinha que ir de encontro. tinha que se diluir neles, se moldar, ser elástico. passar por isso do outro e do nosso se emaranhando, conhecendo, envolvendo e acenando. quanto mais endurecido, mais fácil de rachar quando posto de encontro. o mestre dizia isso bastante. "dobrem o joelho. encaixem o quadril. quanto mais rígidos vocês se conforontarem, mais fácil de se machucarem". E ela ouvia isso, via as duas e ria.

sábado, julho 03, 2004

o que eu tenho medo é da chance de virar mulher. de deixar de ser café-com-leite. eu tenho medo é de pegar no pesado, no batente. eu tenho medo é de assumir as coisas, a vida, o rumo, o amor, o não. de tomar posição que a inércia é confortável. e que a vida é mais ou menos boa e é feio mas - mesmo que não queira - parece bastar o mais ou menos às vezes. ele disse uma vez que eu era aversa às novidades, assim mesmo com essas palavras. eu fiquei logo zangada e disse que era claro que não. ele olhou de lado, o de rabo de olho, entortou a boca e não disse mais nada. e eu percebi nessa hora que na vida de verdade - no meio do mundo - birra não adianta de nada.