terça-feira, outubro 17, 2006

As bênçãos nem sempre são dadas facilmente.
Algumas podem ser conquistadas.
Eu já perdi muito por não pagar pra ver.
Mas de alguma forma sei
que não adianta ter muito dinheiro na vida
e não ter visto nada.

E às vezes abro a Hilda
quando mais arde o branco duro que agora me faz
e quase ouço a palavra que vai escrita:
"aflição de não ser a grande ilha
que te retém e não te desespera
(A noite como fera se avizinha)".

sábado, outubro 14, 2006

arde.

quarta-feira, outubro 11, 2006

insustentável.

- você deveria ler a insustentável leveza do ser. já leu?
- não. assisti o filme. mas achei estranho.
- é sobre o tema, manter a leveza.
- eu achei "pesado".
- no filme pode até ser, mas no livro os personagens tentavam escapar do peso. os pesos são os vínculos. a leveza é simbolizada como a ausência deles, assim penso.
- será? existem alguns vínculos que nos deixam leves. assim penso.
- a idéia de vínculo está relacionada com ligação. uma ligação sempre prende. é inerente às ligações.
- mas prender é peso? sempre? ausência de vínculo também me parece um peso. pelo menos é o que vejo acontecer por aí em relação à solidão, por exemplo.
- a história do livro mostra isso. eles não conseguem viver sem vínculos, creio. o vazio é muito grande. de toda forma, vai ser sempre pesado.
- então não me parece uma solução.
- concordo contigo. acho inútil e ruim tentar algo do gênero. é que essas tuas fugas me lembraram do livro.
- mas eu quero outros vínculos, não nenhum. eu fujo mesmo. sei nem de quê.
- no teu caso, o livro seria algo como "a insustentável carga do peso".
- no meu caso o livro seria "o guia do mochileiro das galáxias" ou "a menina que queria sair de casa".
- só como comentário: o livro é bom.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Bora lá maestro. arrebenta com o país.
me faz lembrar de quando eu era pequenininha assim
e não entendia a morte de ninguém.
põe esse piano nada a ver nessa hora doida, maestro
que eu gosto mais quando ninguém canta.
faz a festa emergente cantar o morro
que mestre faz é assim
chega logo chutando as portas
e mostrando o que ninguém quer ver.
ah, maestro
porque na música tudo é mais bonito?
Quando eu era pequena, meu pai cantava assim
Menininha do meu coração
Eu só quero você a três palmos do chão
Menininha, não cresça mais não
Fique pequinininha na minha canção
Senhorinha levada batendo palminha
Fingindo assustada do bicho-papão
Menininha, que graça é você
Uma coisinha assim começando a viver
Fique assim, meu amor, sem crescer
Porque o mundo é ruim, é ruim
E você vai sofrer de repente uma desilusão
Porque a vida é somente seu bicho-papão
Fique assim, fique assim, sempre assim
E se lembre de mim pelas coisas que eu dei
E também não se esqueça de mim
Quando você souber enfim de tudo que eu amei
mas ele não percebia, maestro, que eu não podia escolher.

terça-feira, outubro 03, 2006

Espero que dessa vez não seja passageiro. Não esmoreça ao virar a curva ou dissolva ao primeiro toque. Existem muitos textos. Inclusive, diariamente, no convívio com as pessoas. Existem muitos textos meus também, que jogo sem cuidado no mundo. Eles estão cheios de coisas que são. Isso é isso, aquilo é aquilo. Ou, isso não é aquilo, que é uma forma de dizer que se é alguma coisa. Essa busca por definições me deixa realmente fascinada. Poderia dizer que ela é fascinante, como se faz na academia, mas será que tudo o que se diz ser na academia realmente é, invariavelmente, como se tudo não fosse de um jeito para cada um?

Mas isso tudo para dizer que espero que dessa vez não seja passageiro. Quero que dessa vez seja, invariavelmente. Que estas palavras que andam em meu peito e movem minhas pernas no mundo, se sustentem em si mesmas.



Siga pelo caminho de tijolos amarelos. Siga pelo caminho de tijolos amarelos. E seja capaz de olhar as placas e não pensar que toda existência parece um pouco vã.

domingo, outubro 01, 2006

às vezes eu queria ser violinista de orquestra chique. só pra viver de piso de madeira e agudo na veia.