sábado, março 29, 2008

confusão


do Lat. confusione

s. f.,
acção ou efeito de confundir;
estado do que se acha confundido, misturado, indistinto;
falta de ordem ou método;
incapacidade de discernir e de reconhecer diferenças;
desordem;
miscelânea;
embaraço, enleio, perturbação;
vergonha, pejo;
tumulto;
revolta;
perplexidade;
falta de clareza.

Med.,
- mental: estado psicopatológico caracterizado por alteração da clareza de consciência com perturbação da atenção, percepção, do curso do pensar, baixa de eficiência mental, má orientação no tempo e no espaço.

segunda-feira, março 24, 2008

oitavo dia

1) O silêncio é sábio para a revolta.

quarta-feira, março 19, 2008

Das impressionantes equações da vida

1 mesa + 3 cadeiras = -5 caixas + 2,2m2 de trânsito.

quarta-feira, março 12, 2008

hoje o céu estava mais cinza que em todos os outros dias. tinha o mesmo verde nas janelas ligeiras, os mesmos vagares, mas hoje, o corpo estava mais condoído de si mesmo, o pensamento - sem que isso configure uma espécie de oposição - longe, martelando batucadas estranhas, preso a três ou quatro frases que levavam a três ou quatro anos atrás e durante, a três ou quatro horas de fita cassete que diziam três ou quatro incertezas sobre alguns poucos anos que viriam e que eu não podia ver com tanta clareza tais fatos. tem horas, e isso eu já sabia, que a vida chama sem complacência, aliás, nem chama, avisa, e de pouco adianta a sabedoria primária de ver as coisas ainda como belas. existem dias negros, os verdes são propostas. mas existem as certezas, também, e algumas podem ser verdes.

a linha do tempo às vezes é uma linha dura.

domingo, março 09, 2008

sétimo dia

o mundo imaginado está justamente colocado antes do mundo representado, o universo está colocado exatamente antes do objeto. O conhecimento poético do mundo precede, como convém, o conhecimento racional dos objetos. O mundo é belo antes de ser verdadeiro. O mundo é admirado antes de ser verificado.

quarta-feira, março 05, 2008

sexto dia

privilégio é ganhar poesia.


poesia de tarde e de noite e de parque


para mirella
para Philip Glass\1983-The Photographer

fim de dia
e a poesia
vem com seu rumo de marambaias
e cabelos cabelereira do mundo
o outro mundo que não sei de onde vem

esse mundo, que ficamos pelas frestas e que encontra-se
amores, missivas, anotações,
o tempo todo para amarrar o cadafalso do sapato
e você nunca arruma
e você sempre arma
a brincadeira
maior do mundo

para passar o dia todo correndo pelo brinquedo do parque
aquele
que você vai
lá no canto do mundo
e volta
e rasga pelos olhos
o brilho dos adeuses.


para nunca ter mais sede.

(m.frança)

domingo, março 02, 2008

quinto dia:

a simplicidade deixa a gente mais humilde, mais humano, mais maduro.




é preciso aprender a continuar sonhando mesmo sem dinheiro. e não achar que há algo errado em quem o tem. é preciso aprender a lidar com o papel, como é preciso aprender a lidar com credo raça idéia partido cozinha
burocracias perdas ganhos danos poesia lucidez metafísica ludiceza e fantasia. é preciso ter a manha da tal vida esférica, da realeza, do pé fincado no chão, quase cabeça de avestruz, da vida sem prêmio de loteria, sem herança de tio-avô, sem maleta recheada encontrada no aeroporto, sem caça-talentos que observe seu belo tra... sorriso na praia e te faça a mais nova estrela do momento. a manha da vida sem deslumbre, mas cheia de celebrações. é preciso celebrar com quase a mesma força de sonhar. é preciso estar atento também. e desconfiar das facilidades - aliás, desconfiar das facilidades é quase tão útil e importante quanto sonhar e celebrar. saber da fronteira, não perder de vista a linha, ter a manha dos limites imaginários entre as regiões. porque quando a vida chamar não vai ter a risca no chão avisando que ainda está dentro ou se já está fora nem legenda avisando que a cidade é outra, o bairro é ao lado, ou país é aquele. é preciso sonhar com 10,00 contados para ir ao teatro ver "por esta porta estar fechada as outras tiveram que se abrir" e lembrar com orgulho e ternura - porque o moço lindo disse bem, dessa a gente não pode se despedir jamais - que já se vendeu livro em sebo para ir ao cinema. mas isso tudo é um tanto fácil, porque aqui quando se pega o ônibus pro lado errado se ganha uma paisagem que chega a doer o coração, uma giganteza de verde montanhoso, uma estrada decidida como um bisturi sob imensas pilastras que esperam uma outra estrada, suspensa. erguida, ao alto, como parece ser tudo aqui. gente morna aconchegante e acolhedora que não desaprendeu a conversar mesmo depois daquele século vinte maluco e deste vinte e um estranho e gris. uma gente que vive de queijo leite café doce mel álcool e palavra, e palavra derramada, solta, levinhas levinhas, montes delas, que se não cuidar se perde uma tarde, apesar de não parecer essa a idéia aqui. conversar uma tarde inteira é tão - ou mais - normal que trabalhar pesado uma tarde inteira. minha garganta não agradece muito este costume, mas o resto do meu corpo vibra enlouquecido feito vespa em luz amarela e me faz pensar que só isso já me põe no paraíso. e completa hoje um mês que pus a cabeça para fora da janela do ônibus que percorre o caminho Rio de Janeiro-Belo Horizonte e meu coração só pensa que não podia ter tomado decisão mais acertada para a vida. que o cheiro daqui já parece velho conhecido, de mato de serra de Horizonte, parece mesmo o de lá, da minha casa do sítio, e o povo devagar - que felizmente não é só em Itabira -, a tarde devagar, a vida devagar, e benzadeus que é besta.

sábado, março 01, 2008

quarto dia

Se avexe não, amanhã pode acontecer tudo inclusive nada.
A lagarta rasteja até o dia em que cria asas.
Se avexe não, que a burrinha da felicidade nunca se atrasa.
Se avexe não, amanhã ela pára na porta da sua casa.

Se avexe não, toda caminhada começa no primeiro passo.
A natureza não tem pressa, segue seu compasso,
Inexorávelmente chega lá.

Se avexe não, observe quem vai subindo a ladeira
Seja princesa ou seja lavadeira,
Pra ir mais alto vai ter que suar.