segunda-feira, dezembro 19, 2016

XII Serena face distanciando o meu desejo. Tão longe estás que já nem sei o que te assombra alga ou areia mar ou lampejo de desencanto. A minha boca emudeceu. Se retornando não a encontrares pensa no amor chama e soluço que se perdeu. Solto os cabelos e fico à espera. Mas sobre mim como na morte crescem as heras.
XII

O teu gesto de alegria
nunca será para mim

O teu conflito noturno
este sim
pousará na minha face.

domingo, dezembro 18, 2016

"Encheria minha alma com a carne. Encheria com alma a minha carne. Conciliaria em mim, finalmente, esses dois inimigos seculares..."

quinta-feira, dezembro 08, 2016

I

Amar um passarinho é coisa louca.
Gira livre na longa azul gaiola
que o peito me constringe, enquanto a pouca
liberdade de amar logo se evola.

É amor meação? pecúlio? esmola?
Uma necessidade urgente e rouca
de no amor nos amarmos se desola
em cada beijo que não sai da boca.

O passarinho baixa a nosso alcance,
e na queda submissa um vôo segue,
e prossegue sem asas, pura ausência,

outro romance ocluso no romance.
Por mais que amor transite ou que se negue,
é canto (não é ave) sua essência.