Tradução da Mirella
LXVI
Não te quero senão por que te quero
E de querer-te a não querer-te chego
E de esperar-te quando não te espero
Passa meu coração do frio ao fogo
Te quero só ou somente por que te quero,
Te odeio sem fim, e odiando-te te rogo,
E a medida do meu amor viajante
É não ver-te e amar-te como um cego.
Tal vez consumirá a luz de janeiro,
Seu raio cruel, meu coração inteiro,
Roubando-me a chave do sossego.
Nesta história somente eu morro
E morrerei de amor por que te quero,
Por que te quero, amor, a sangue e fogo.
Neruda, Cem Sonetos de Amor
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