As descrições dos dramas biológicos me comovem. Como tentar fazer ver uma palpitação, por exemplo. Dar-lhe textura, cor, ritmo, sobrenome, beck-ground e preço. Motivo não, que é uma desnecessidade. A palpitação não tem motivo, ela tem o ofício de existir seja lá o que aconteça - em mim, pelo menos -, porque precede o raciocínio e o entendimento. Confio mais nas palpitações porque o inconsciente está sempre certo. E porque a razão confia no tempo, que é, inegavelmente, um trambiqueiro safado desmerecedor de qualquer crédito. As palpitações, ao contrário da consciência, que elabora um impacial - e quase necessariamente falho - texto explicativo, nos demonstra o mundo por imagens nem sempre visuais, mas ainda imagens. As mais reais que podemos ter.
E me entrego ao torpor das palavras, o mundo ideal onde tudo posso, onde tudo tenho, onde tudo sou, como um amante dedicado que vivesse ao meu dispor.
4 comentários:
Palavra são, antes de tudo, seduções.
Elas fazem "palpitar" os nossos sextos, sétimos, oitavos (...) sentidos.
nooossa.
coração palpitando de saudade.
ô linda!
Eu tava correndo pro cine-club, de 7h! da próxima vez grita, pra eu te dar um abração!
=***
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