Foi-se o tempo que o samba tinha tempo (e jeito) pra sambar.
Pegaram o bicho pra maratonista, pra artista de festival, pra apostador da bolsa, pegaram ele para alguma coisa que não sei dizer, mas que agora, esbaforido, de língua pra fora, olhando fotos amareladas de cabrochas mesmo mulatas voluntariosas e safadas, verdadeiras, e sambistas intimistas amorosos rindo os dentes brancos por dentro da pele suada de samba, porque era pra ele, só pra ele aquela magia toda, pra mais ninguém, e, agora, quando ele olha aquelas fotos amareladas, quase sente que seu lugar não é mais na avenida.
Que parece que perdeu o passo de dançar de pé entrelaçado, malandro, leve e quieto, a reverência bonita de tirar o chapéu, sabe mais nem do chapéu, aquele de fita com lantejoulas que escondia seus olhos da luz dos holofotes.
Porque importante eram seus dentes, seu sorriso, o brilho da fita de seu chapéu, seu pé entrelaçado e sua mulata.
O resto, era enfeite de carnaval.
2 comentários:
belo texto, moça da alfaia.
tu é meu samba. tu sabe né?
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