nomadismo é saber que chega a hora em que a casa já não é mais casa. não, nomadismo é saber que casa nunca é casa e que não tardará a chegar uma hora em que tudo será irreconhecível, teto, piso, sacada, em que tudo fará silêncio tão profundo dentro da casa que esta será além propriedade, excederá função, aquém coisa minimamente sua, sem seu tato e cheiro, sem qualquer rastro; ou parte de uma teia tão emaranhada de todos os artifícios, profusa de milagres e esferas, labirinto de palavras pontiagudas, mornas, flácidas, latejantes; e, nessa hora, é hora de pegar novamente a sacola, como todas as outras vezes, todas as vezes que se pega a sacola com sempre menos coisas que se parecem a si, a nós, sempre menos, é isso que é o tempo, sempre menos, e é isso que é a memória, cada vez mais espaços em branco e felizes os que pensam que são espaços por preencher; a sacola, eu dizia, essa das poucas coisas, cabe menos que um de nossos olhos, menos que metade de um de nossos olhos partida cada vez em mais partes, cabe quase nada, nem da casa, nem de coisa nenhuma; essa sacola passa-se a corda, despeja-se sobre o ombro, finge-se que desiste e que não há história alguma que fizesse mancha vermelha no dorso que a carrega, e com ela em si põe-se porta afora, joga-se do alto do monte mais alto dos mais altos de todos os montes, do mundo, põe-se sem asa no mundo porque é hora de ir embora outra vez.
13 comentários:
é todo ficção ou é meio ficção ou?
eu sempre digo que não tenho coração pra rupturas, pro peso da sacola nas costas.
mas depois de carregar 3 vezes, e morrer um pouco nas 3 vezes, e renascer o dobro ainda nas 3 vezes, começo a acreditar que essa é minha sina e que não passa de uma mania boba achar que nunca mais vai suportar.
já dizia o véi nietzsche, o que não nos mata, nos fortalece ;)
afinal, a gente é do mundo, e vai sempre pra onde a sorte nos levar :)
e eu que sei é decorado o endereço das ecletiquices. :) e sempre que venho, me encanto com as belezas daqui. também tenho pouca coisa pra levar na minha mala. apego só a minha escova de dentes (isso a lu sabe bem). um beijo. carinho sempre, mesmo a qualquer distância.
era eu, diana. :)
nunca sei postar na burocracia do blogspot. :\
é... ela num sai de casa sem a escova na bolsa.
e tem mania de escovar os dentes de instante em instante. rs
que bonito!
acho então que não sou mais nômade.
teu texto me lembrou:
eu não tenho chão
eu não tenho casa
eu não tenho pão
estou vendendo as asas
que possuo
por não ter nada mais...
beijos.
minha princesa.
você e a luana me fazem chorar, às vezes, com as coisas bonitas que eu posso ver. com as coisas feias que ficam bonitas feito num passe de mágica. ontem falei com ela sem querer deixar, quase, que ela fosse embora do msn. tive tanta saudade de ter vocês aqui por perto de mim, de saber que estão, em algum lugar, que eu possa ir com no máximo 1/4 de tanque de gasolina, no meu ford ka com um adesivo que me faz quase uma mini perua, pela fortaleza. fui obrigada a colar o adesivo, by the way, mas já recebi tanta reclamação que vou descolar.
saudade da tua boca grande, das tuas saias rodadas, do teu jeito falando mais ou menos criança, de tu me dizendo que eu pareço ou sou muito igual à cláudia tua tia, minha professora. dos dias no casagrande, dos desastres do logan. sei que você é muito mais muito mais feliz aí. e quando penso nisso tenho saudade do jc, teu menino. que eu nem tive oportunidade de conhecer pra ter saudade, assim, só de abraçar apertado. mas que agora, por causa de ti, tenho.
UM BEIJO NO MEIO DA BOCHECHA.
maricota
espera um pouco que eu sou um pouquinho lento... esse fim aí no fim é fim mesmo? de "estamos encerrando nossa programação"?
aiai... o mundo tá perdendo seus referenciais... pelo menos o meu mundo... tô falando sério... ria não! Saudade de ti... Mas isso tu já sabe mesmo...
mah, dá teia mah!
Bravo....
saudades de ti
vilaadentro@hotmail.com
Bravo....
saudades de ti
vilaadentro@hotmail.com
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