terça-feira, março 17, 2009

Gosto de te imaginar cruzando uma rua, coarando no sol, e, distraído, reconhecer meu vestido verde do dia em que me conheceu. Acredito que iria prender os cabelos enquanto corria pelos traços brancos até o outro lado, eu de costas, olhando vitrines esquecida daquele dia mais abrupto. Então, claro como um cristal, pegaria em minha mão ainda voltada e de um giro, dedo silenciando minha boca palma em meus olhos lábios encostados aos meus ouvidos, diria eu também um fantasma, insistente vestido branco cruzando os carros nas avenidas, o tempo eclipsado de desde, até, diria de uma agulha no peito sangrando todos os dias o silêncio a distância o erro o acaso a saudade. Meus olhos fechariam, seria contramão onde era mão e os carros encenariam um ballet, todos os sinais, antes verdes, depois amarelos, sempre vermelhos tingindo o azul daquele céu mais caótico do Brasil. Meus lábios abririam levemente para cada um dos lados - não um sorriso assim largo como o seu -, minha mão seguraria seu dedo e a palma sentiria o calor dos seus olhos. Se me pedisse, te estenderia o meu tapete.

Nenhum comentário: