terça-feira, dezembro 03, 2019

E é em um dia frio depois de um dia frio embaixo do sol que se gasta aquele último passo, quando a mão enseja um aceno e rende o pé, é uma certa libertação. Fui até onde já não havia mas o homem, diz um algo dentro com uma voz fraca e distante, ali depois de todas as curvas e retas e cruzados todos os riachos e subido e descido todas as pedras e experimentado as sendas que encontrei, ali onde eu acreditava já não estar mais o homem era ali mesmo onde ele não estava, e então descansei.

Mas era um descanso ao mesmo tempo maduro, triste e luminoso. Um descanso com jeito de fluxo cósmico, um fim coerente - a coerência para o espírito é uma tipo de simetria, um ajuste, um alívio. Uma conformação.

Saio pela porta da frente com a cabeça sob o sol, em silêncio, radiante comigo mesma, o peito tão cheio de luz e nenhuma treva, saio quieta e ligeira, sem carga nenhuma em qualquer parte do copo e faço novamente o mesmo caminho, mas é um caminho novo, o mesmo passeio que apenas cabe um pé que se faz amplo e não aflige que vá um diante do outro, um por vez, devagar e atento, lenta e contente.

Ainda aparece Vênus às 11 da manhã neste hemisfério.