quinta-feira, junho 24, 2004

querendo uma coisa bem grande. uma coisa que eu ainda não sei que me falta. mas que deve ser o que faz este rombo sem tamanho que carrego no meu peito.

terça-feira, junho 22, 2004

ia falar alguma coisa mas esqueci.

domingo, junho 20, 2004

, meu amor,

... coisa boa de ler
.um eu derramado tal a chuva morna que cai lá fora

quinta-feira, junho 17, 2004

E que me sobe às faces e me faz corar
E que me aperta o peito e me faz confessar
E que nem é direito ninguém recusar
O que não tem receita
O que não tem governo
O que não tem juízo



E pouca gente sabe (aliás, provavelmente ninguém) porquê que isso começou. Porque este espaço passou a existir pra mim. E porque eu insisto em fazer com que ele continue, mesmo quando se faz velho, ultrapassado, sem sentido. E ainda lembro muito bem do aperto no peito que eu tinha naquele dia. Dos meus pés descalços na sala fria de passagem. E das palavras que iam saindo aos tropeços (como ainda saem) e deus sabe em quê elas tropeçavam. Hoje muda pouca coisa. A sala que é menos fria e um pouco mais minha. Chinelos nos pés. Aperto outro no peito. Este da sensação de ter visto o filme inteiro alguma vez, agora é só relembrança. Sensação outra que é a de estar só assitindo o filme sem participar dele - quando deveria, e muito - e que pensando bem, é meio parte da primeira. Filme já feito é feito pra ser assistido, não dá mais pra entrar na trama. Mas isso é daquelas coisas que a gente vai fazendo e nem sabe que faz assim, quando vê já era. Pois o filme das coisas que não acontecem, das coisas que eu rejeito quando quero, dos tempos perdidos, do mundo dando voltas loucamente e eu na inércia da vida, vendo todas as outras vidas girando loucamente com o mundo, acompanhando, e só a minha, abobalhada, estancada. Muito em parte por mim mesma, e muito em parte por causa de muita coisa também. Como se vê o aperto no peito é presente, mas outro (nem tanto). Aquele aperto não tem mais o que se dizer. Aquele aperto se tornou estranho. Se tornou filme, passando 24 horas na minha telinha. E eu? Espectadora de um certo filme obscuro e cada dia um pouco mais. Banzo batendo de monte. Eu sem saber se ainda cabe essa fala no tal espetáculo. Eu tentando encontrar a casa mais adequada. Passam todas na minha janela e eu finjo que não as vejo. Elas acenam, soltam rojões, dão piruetas e vão embora. Ora, quem não iria? Eu lânguida debruçada na janela, esnobe, de amarelo, fazendo beiço enquanto elas passam lindas. E quando se vão, volto vermelha ao quarto, quente, confusa e desesperada, cansada até a alma de fingir que não quero casa nenhuma agora, que não é a hora, ou que não é o isso, ou que é o medo, ou que. Quando vejo passou a temporada de caça à casa adequada e não me decidi por nenhuma. E elas voltam voando para o sul, lindas, como passaram certa vez embaixo da minha janela.

terça-feira, junho 15, 2004

Gosto do suor que sai do meu samba, do meu dança, do meu manga. Gosto do escuro e da luz de negra que me deixa mulata de olhos verdes. Gosto do esbarramento nos outros, nas multidões. De ser só uma moleculinha circulando no organismo. Gosto do vapor morno do abafamento do amontoado dos corpos embriagados. De sentir vibração na pele da música que envolve, tal uma placenta, uma cápsula, uma chuva. E, mesmo que isso aconteça um milhão de vezes, de ver o dia amanhecer enquanto volto pra casa.

Et je ne parle pas français. Porque descobri que não adianta nada saber o presente, o passado, o futuro e o particípio, se o que a gente usa mesmo é o gerúndio.

domingo, junho 13, 2004

Sem
ligação com a rede. Fico aqui nesse papel branquinho, livre e de mentirinha, porque sim e pronto.

As
coisas não se tornam mais difíceis, nem piores, nem estranhas, nem sem sentido, nem melhores, nem mais loucas, nem mais nada, quando o seu fim já tem dia marcado.

Se
pensar na pessoa é indicio de amá-la, é estranho amar e não amar ao mesmo tempo,

ou
eu continuo é com muito medo.



E tem um livro que se chama Os Amores Difíceis. Achei que ele era fino demais.
Eita coração confuso. Pessoa linda de morrer, é você.

segunda-feira, junho 07, 2004

De saudade insana que dura um dia eu sou cheia.

sexta-feira, junho 04, 2004

E eu fico pensando que hoje em dia é meio moda zombar do amor. E ele não faz por onde? Claro que faz. Justo como se ri da embriaguez, da lombra, da queda, do engano do outro e às vezes do prório. É que esse negócio de amar é meio ilógico. De querer. Já viu? Eu quero você. Que frase mais estranha. E um sufôco vazio no peito que treme a carne e nos leva os pensamentos. Um corpo todo sacodido. Dá muito trabalho essa coisa de ter vontade de alguém. E investimento a fundo perdido, pois todos sabemos que uma hora passa, acaba. E aí? Para que diabos foi aquilo tudo? E quem quer saber? É difícil falar desse enlouquecimento quando se está perfeitamente são. Mas eu adimiro quem está a enlouquecer. Francês não está me fazendo bem, avec ses douces mots d'amour. Eu andava zombando do amor, e muito. Achava que era tudo pra passar e que quando passasse não sobrava mais que uma chama branda de banho maria. E não passa de mais que isso mesmo. Acontece que zombar do que se quer é inveja. E inveja feia. É também estatística que ninguém mais se apaixona.