sábado, abril 30, 2005

O grande Édipo
deixa-se conturbar em demasia
com alarmas de múltiplas espécies
e nem compara segundo a prudência,
os novos fatos com os de antigamente:
fica assim a mercê de quem lhe traga
a palavra mais trágica.

sexta-feira, abril 29, 2005

Essa cidade tem mais doidos do que eu pensava.

E dá-lhe Pato Donald.

quarta-feira, abril 27, 2005

e já é maio.
Ela me tira o pensamento. Parece uma toalha molhada em cima de uma cama desarrumada. Algo que não deveria estar. E bagunça úmida. Adiposa, lenta. Ela é meu atraso de vida, minha perda de tempo. Enquanto ela, lá na frente, não fala, porque, para mim, falar é estabelecer uma exposição lógica de um pensamento, eu fico aqui, tentando, em vão, teorizar sobre o estar aqui, sobre a gagueira dela, sobre o cabelo que incomoda a existência, aliás, é isso, eu me incomodo coma existência dela. Com a ineloqüência profunda dela. Com o olhar vago, perdido, burro, dela. Dela se torna um adjetivo, até, nela. Tudo é asco. A cor do batom e o contorno da boca. O tom da voz e o ritmo - ou desritmo - da fala. A papada debaixo do braço. O cesto do estalar dos dedos. O queixo erguido perdido no espaço. O sorriso vazio e bobo sempre seguido de uma pausa enfática. Nojo. É isso. Ou ódio. Ódio deve ser esse nojo gratuito que eu sinto por ela. E que eu cultivo. Ódio deve ser mesmo isso. E a cada reticência gaga no discurso dela a minha intenção é a de uma violenta morte. O "Entende?" dela é a própria morte.

O pior de tudo é que, depois de todo esse tempo escrevendo, pergunto e ainda faltam 22 minutos. Porque nesta aula é assim, o tempo decresce, talvez numa tentativa de excluir da mente as horas que passamos aqui.

terça-feira, abril 26, 2005

e, sugestionado por ele mesmo, esse blog fecha os olhos.
nada vale tanto a pena se não for intenso. nada é tão perigoso também. nada vale tanto a pena quanto o perigoso

Dum cabôco que eu gosto muito, em um longínquo 10 de julho de 2004.

segunda-feira, abril 25, 2005

Meus ternos já eram cinza e meu violão era brasa.

23

Eu vivo falando de dia 23. Que ele continua sendo dia de cowboy Jorge. Que é de esperança e de marra. Nem me lembrei que esse, exatamente esse dia 23 que passou, foi O Dia 23, o do São Jorge. Mas mesmo esquecendo ele me cumpriu a função de tocar com 23 tambores para a criança, o amor e a bonança.

sexta-feira, abril 22, 2005

Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.

Coisas muito bonitas, Sr. Boca do Inferno.

terça-feira, abril 19, 2005

Como assim, Bial?

- Ei, Mari, não, como assim?, peraí, vai agora não.
- (insira sua resposta aqui Mariana)
- Ah, vai mesmo, de qualquer jeito?
- (insira sua resposta aqui Mariana)
- Então preciso falar com tu com calma.

Em fim, enfim.

Cai o rei de ouro, cai o rei de espada, cai o rei de paus, cai, não fica nada.

e isso é só para eu lembrar depois o que eu ia dizer.

sábado, abril 16, 2005

Eu só queria que os motoristas dos carros que possuem ar-condicionado - e que os usam - lembrassem que o sol do meio-dia dói na pele durante todo o tempo em que ficamos expostos a ele e trafegassem em um tempo mais hábil.

quarta-feira, abril 13, 2005

Querendo dizer, mas não tem mais nem o que.

terça-feira, abril 12, 2005

Em Delfos tinha um oráculo. E era fácil porque as pessoas iam se vivendo despreocupadas pois sabiam que, na hora que quisessem, o oráculo estava lá, para dizer do que ia ser. Em Fortaleza, ou em qualquer outra cidade que não habite a mitologia, os nossos oráculos frágeis menos que encerrarem-se em instituições escancaradamente falhas são mesmo presos de nossos próprios pensamentos do que virá a ser. E continuamos com um olho virado só para dentro, ou dois, como também com o olhar que lhes cabe, também quase sempre falho, também quase sempre viciado no equívoco ou na surpresa boa do que comumente chamamos acerto. Como uma carta que se tenta, inutilmente, não perceber já marcada no baralho.

Não, sem um oráculo a gente não sabe. Presume, aposta, deseja, escolhe, mas saber, não sabe.

segunda-feira, abril 11, 2005

Pois eu adoro as segundas-feiras. É a melhor metáfora da renovação depois do dia 23 de cada mês.

sábado, abril 09, 2005

ou viver ou morrer, há tanto para se fazer

Eu costumo ter pensamentos que a maioria das pessoas entendem por macabro. Ônibus são muito férteis para o pensamento. A uma hora de viagem que me leva de volta pra casa talvez seja a mais proveitosa do dia. Quinta-feira eu saía da minha primeira avaliação na faculdade de letras. Prova de Teoria da Literatura. Livro chatérrimo, por incrível que pareça, talvez até obsoleto, mas era do gosto do professor. Vamos lá ler, entender, inter-relacionar. E fui eu para a tal prova totalmente desacostumada a avaliações do tipo, pois na faculdade de comunicação os trabalhos eram bem mais usuais. O fato é que eu fui para a tão citada prova e não havia lido todos os capítulos selecionados pelo ministrante da disciplina e sem o tal do "gás" com que estranhamente saem os ex-pré-vestibulandos. Sim, sem mais delongas, estava eu a pensar no tal ônubus, depois de ter me saído bem na prova por um triz (e se é que me saí), que das duas uma: ou eu estava romantizando demais meus sonhos, e, por isso, talvez, eles sejam tão importantes e bons; ou então, eu estou romantizando demais meus sonhos e corro o risco de, lá na frente, me sentir uma tremenda duma idiota por ter saído eufórica, como se tivesse 18 anos e essa fosse a minha primeira prova em uma faculdade. O fato, e esse é mesmo, na verdade, o fato que gostaria de expor, é que eu vinha no ônibus divagando sobre a minha euforia, boba (ou não), de achar que tinha nessa prova o começo real de uma mudança do curso da vida, de aproximação dos objetivos, de uma segunda chance de darem certo as coisas.

E você pode, se estiver lembrando ainda, pensar "onde estará o tal do pensamento macabro desta louca?". Sei que eu ria olhando o mundo pela janela sempre semi-aberta, meio fechada, do ônibus, pensando que a vida é mesmo é essa doidice, de estar feliz agora, na hora, hoje, nesse instante, que no outro dia pode ser que tenha mudado tudo, nem para melhor nem para pior, para diferente, que no outro dia a gente pode muito bem sair sem prestar bem atenção na rua e não ter mais o que fazer no mundo e os passinhos pacientes, dados pensando em uma felicidade num futuro, tornarem-se aparentemente vãos, e que objetivos a longo prazo são como longas viagens: o caminho tem que valer a pena, tem que ser bom em si mesmo, ou, como diz aquela música; o viajar tem que ser mais que a viagem. Ou algo que o valha.

sexta-feira, abril 08, 2005

Depois que teu quarto virou meu peito, eu não quero sair nunca de casa.

quinta-feira, abril 07, 2005

Tudo o que tenho são idéias concentradas em três anos de vidrinhos.

terça-feira, abril 05, 2005

louco, ele.
doido de pedra.
despombalizado do juízo.
saído diretim do mira y lopez.

E eu aqui, tendo que me concentrar e voltar a estudar.
"Artista" não é um título.

Tinha formulado uma teoria sobre alguma coisa, não anotei, esqueci.

Tenho passado a achar mais bonitas as mulheres que têm as carnes meio moles.
Nada nesse mundo ou no próximo é substituto de coisa nenhuma.

Dizem que foi o Eliot que disse.

Mania da Semana

ou mais um dialoguinho:

- Por quê?
- Porque sim.
- Porque sim não é resposta.
- Não porque não, então.
- Besta.

domingo, abril 03, 2005

E não vale a pena ficar apenas ficar chorando, resmungando até quando, não, não, não.

- Pronto. Você acabou de terminar o seu primeiro resumo científico. Revise.
- Eu, é?
- É sim, ajudei você mesmo só com as conclusões.
- Ahã.
- Vou no banheiro.
- Hãããããããã.
- Que foi?
- Caiu.
- Calma. Atualiza.
- Chuinf.
- Porra de internet explorer.
Eu morro e não entendo o método das humanas.

sábado, abril 02, 2005

Não me tente

- Já está descalça?
- (sorriso amarelo/sapeca)
- Certo, mas depois não fique reclamando.
- E eu por acaso reclamo muito?
- (gesto de um tantinho assim)
- (gesto de Humpf.)
- Pois sambe, sambe. Que é você é mais linda sambando.

sexta-feira, abril 01, 2005

Não sei, mas vou. Meio do caminho aprendo.

Se você tem cinco possibilidades de errar um caminho, você tem mais quantas quiser de errar cada um mais de uma vez.

Tenho que parar com isso. É melhor se preparar antes. Mesmo.