terça-feira, setembro 30, 2003

E a história não teve um final feliz. A menina que tinha planos de viajar léguas, não viajou. Que tinha planos de contas histórias, não contou. Que queria ser grande, não cresceu. Ficou tudo a mesma coisa. Uma espécie de morte. E a menina morreu.
Cada implulso que tentamos aniquilar germina em nossa mente e nos envenena. A ação é um meio de purificação.

segunda-feira, setembro 29, 2003

só gosto quando é porque sim.

sábado, setembro 27, 2003

O que você ainda não entendeu é que quando eu disser chega não vou ter saudade, remorso ou dúvida. Ou até vou, mas você é que não vai saber. Porque o seu coração morreu, secou, virou santo, anjo, éter. O meu não. O meu ainda espera a coisa extraordinária. Azar o seu.

quinta-feira, setembro 25, 2003

No quintal a gente gostava de brincar com palavras mais do que bicicleta.
Principalmente porque ninguém possuía bicicleta.
A gente brincava de palavras descomparadas. Tipo assim:
O céu tem três letras
O sol tem três letras
O inseto é maior.

terça-feira, setembro 23, 2003

O dia está amanhecendo aqui pela minha janela. Não consegui dormir essa noite. Não tenho sono agora. Maria Rita tem cantado nestes últimos 5 minutos uma canção bonita. Estrela, estrela, como ser assim, tão só, tão, e nunca sofrer. Brilha, brilha, quase sem querer, deixa, deixa ser o que se vê. No corpo nu da constelação estás, estás, sobre uma das mãos. E vais e vens, como um lampião, ao vento frio de um lugar qualquer. É bom saber que és parte de mim, assim como és parte das manhãs. Melhor, melhor, é poder gozar da paz, da paz que trazes aqui. A fluorescente do 4.º andar do prédio a frente (porque agora é assim, prédios a fente, sempre, nos tomando a vista) ainda está acesa, um ou dois passarinhos vão acordando devagar e ao acordarem vão acordando também os outros e sei que daí a pouco estarão todos em algazarra. Mas agora é calmaria. Uma senhora com uma sacola plástica branca vai de cabeça baixa - será que ainda dorme? - na direção do ponto do ônibus. Bem, como não dá pra ver da minha janela o ponto do ônibus imaginei que ela vai pra lá. E o sol vai surgindo devagar por trás do prédio cinza de nome feio "Receita Federal" e já tem alguém na rua oferecendo "a pamonha". O dia deve estar chegando já, os passarinhos todos já despertaram, estão me chamando. Daqui a pouco a minha casa também desperta e começará mais um dia para eles. Pra mim não, ontem ainda não terminou e o dia 22 amanheceu duas vezes, como eu sempre quis.

quarta-feira, setembro 17, 2003

Mas que nada, ela tem cara, gesto, cheiro, cor, sombra, penumbra. Tem zuada louca, tem eu louca, tem ausência de sapatos e de bolas na sinuca. Tem palpitamento no peito, tem a boca seca, boa, tem samba com num sei quem, tem gente olhando. Tem gente sem saber o que fazer, gente que não sabia o que fazia, e gente que tava muito bem. Tem uma coisa boa. Tem guardada aqui naquele dia.

segunda-feira, setembro 15, 2003

Espero estar tomando a decisão certa. Aliás, acho que estou. Resolvi querer porque querer o que ando querendo, e eu sei que quando é assim não tem jeito, tenho que fazer. give me love, give me love. Melhor adiar que desistir. Pior é que já levei essa história às maiores consequencias, já estraguei tudo mais de uma vez, já fiz o que deveria não ter feito. Já meti os pés pelas mãos, o nariz onde não era chamada, a colher em briga de marido e mulher. Enfim, eu parecia uma louca desvairada com a possibilidade que acreditava que tinha. fuíste mi mejor amor. E tenho, sei que tenho. Lembrei do sotaque gaúcho do ator lindo que se fez Padre Amaro, Ay, que bién!. Chatice. Pior que no ápice das minhas angústias eu começo a achar tudo muito ridículo, é sempre assim. E eu sou uma resmunguenta egoísta. Mas apesar de chato, é melhor, fazer as coisas com mais calma, uma de cada vez e tudo parte por parte. Apesar de eu viver querendo atropelar tudo, vontade de endoidecer de vez, de fazer uma loucura bem grande, comigo as coisas nunca funcionam assim. Sempre tive inveja, inveja mesmo, daquelas vermelhas, de quem fazia uma locura louca enorme mesmo daquelas que só se faz quando se ouve demais o coração e no fim se dá bem, ainda mais porque essas pessoas sabiam que se dariam bem, acreditavam no que estavam fazendo, acreditavam em si mesmas. eres tu mi eternidad. E enquanto isso eu fico aqui, idiotamente atrás do birô, querendo viver uma coisa grande que eu nem sei como seria, querendo uma coisa que mudasse a vida, querendo uma coisa extraórdinaria, que não tinha que ser grande de tamanho, de fato, acho que dá pra entender. Enquanto isso, cá estou mais ou menos sabendo onde essa história vai dar, claro, não tem mais pra onde ir essa história. E tem, mas eu teria que ser um verme, não era só covarde não. Ele tem absoluta razão, ainda não chegou o meu limite. pero no puedo, siento que muero. Não quis concordar na hora, mas ele me conhece, sabe que por mais que não tenha concordado imediatamente eu ouvi, e ouço sempre tudo. Se não concordei, concordo agora: isso mesmo, ainda não chegou o meu limite. E eu não sei quando, mas já sei como vai chegar. I'll write a few verses, and then I'll get the blues.
e essa história dela, não essa daí de baixo, essa outra que eu estou pensando agora, a de ir embora, vai acabar muito mal, por que ninguém deixa de querer só porque não pode.

domingo, setembro 14, 2003

dela de novo

Ultimamente ela anda às voltas com por ques. Sim, eu sei que ela sempre tem por ques, mas nunca são porquês dela, esses são. O principal: por que esperar? Anda farta de esperança, não aguenta mais. Quer chutar o balde, ô se quer, mas e se depois não dá mais pra usar? E se depois ela precisa justamente do bendito balde? Ela se zanga porque não consegue resolver o problema, eu não chego nem perto dela, sempre sobra pra quem quer ajudar. No fundo - eu nem acho porque faço é saber -, eu sei que ela é muito é covarde. Fica criando impossibilidades para a resolvência dos seus problemas. Mas eu entendo ela, é que ela queria resolver de um jeito que não dependesse de aceitação para que o problema continuasse resolvido, ela só acha que estará resolvido quando não for nem de direito o fato de se aceitar ou não. É bem dela, essa coisa de cutucar até onde não dá mais. E agora, agora não porque já faz muito tempo, ela resolveu que quer ir embora. Pra qualquer lugar, de qualquer jeito. E não encontra esse jeito (os lugares tem de monte). Eu acho engraçado essas coisas dela.
Ah, mas eu vou botar essa banda pra tocar.

sábado, setembro 13, 2003

Essa semana vou procurar a Flávia. Se ela me esqueceu, eu não. Ela é uma das pessoas que eu quero cuidar. Se ela não quer, eu não sei, eu quero, não posso fazer nada, tenho que pensar primeiro em mim, depois eu penso nela. A bonequinha da Helô já está embalada. Vou procurá-la. Não se abre mão dos amigos assim.

sexta-feira, setembro 12, 2003

ódio dessa droga de vida idiota
e nesse período do ano, é bom o vento que entra pela janela, a luz que não é tão forte e mais branca e, como se não bastasse, nessa semana a lua é cheia, linda, amarela, enorme. deixa a gente meio besta, se já sonha de olho aberto então...
e é sempre assim, esta coisa estranha. Essa, de eu viver mais o que poderá acontecer que o que acontece. Meio fuga, né? Pois, já vivi na Espanha, em Portugal, no México e agora estou em Porto Alegre. Ruim demais, e bom também, convivendo com quem vou conhecer, fazendo o que poderia ser o que fosse fazer, vestindo o que, caso eu vá, provavelmente vestirei, participando já dosconflitos que encontrarei. Coisa louca. E não gosto quando é assim, porque fica sempre com cara de que vai ser igual da outra vez, que eu vou acabar não indo. Essa vez não pode ser que nem das outras, dessa vez já foi.
eita que quando ele diz pero no puedo, siento que muero...

quinta-feira, setembro 11, 2003

alegria de pobre dura pouco.

e

eu divido a sombra no sinal
eu adoro a palavra "sim"
eu escrevo a mesma coisa, mecanicamente, repetidas vezes no papel.

terça-feira, setembro 09, 2003

Minha historinha da McDonald's

Era uma vez um ornitorrinco de tênis azul na floresta encantada de Papua Nova Guiné dançando a valsa vienense. Disse: "Mas isso foi ontem"! Todos disseram: "Antes de tarde que só um pouco mais tarde". E no final todos deram o laço no cadarço do sapato.
"O cancro é indiferente às virtudes do sujeito; quando rói, rói; roer é o seu ofício."

domingo, setembro 07, 2003

eu uso o relógio no pulso direito

eu mordo o bombom
eu guardo e-mails
eu durmo de jeans
eu espremo cravos no canto da boca
eu deixo um tanto assim ainda de água no copo grande
eu canto e mal
eu falo palavrão
eu odeio a expressão "em dose dupla"
eu não gosto de fazer depilação nem para ficar bonita
eu sonho demais, sonho de sono, e os sonhos outros, todos demais

eu inverto o tempo acaso passe demais em mim.

sábado, setembro 06, 2003

Sabe assim quando a gente lê uma coisa e tem certeza que tão falando com a gente?

sexta-feira, setembro 05, 2003

Borboleta

folia na sala
no vaso com flores
três borboletas

(Alonso Alvarez, e só digo de quem é por causa da filosofia haicaísta, porque esse blog é o meu caderninho da gaveta e se eu nao quero eu não digo de quem é, pq eu já sei.)

quarta-feira, setembro 03, 2003

é? então tá, lá vai:

Era uma vez uma menina cheia de grilos e minhocas na cabeça. Antes eram só minhocas, agora são grilos e minhocas. Ela achou que deveria diversificar um pouco para que não a acusassem de latifundiária. Não que a sua cabeça fosse grande, mas é só maneira... Ah, deixa pra lá. Ela achou que só minhocas não resolvia o tanto de ?s que tinha na cabeça dela.

Um belo dia essa menina grilada e desempregada, resolve visitar aqueles que deveriam ser visitados, ou seja, os que há muito ela não via e desejava rever. Ela vai. Ela chega, encontra e conversa. Conversa boa até, seria, se não fossem as consequencias. Duas aftas estouradas, uma noite de insônia, algumas lágrimas nervosas derramadas e vontade de fazer análise.
e pode parecer egoísmo meu, e talvez até seja, mas é que eu morria de medo de morrer sem ter te dado nenhum beijo.

terça-feira, setembro 02, 2003

Que nem a amiga dançarina de dança de salão. Eu sambando o meu sambinha tímido e ela a gafieira dela. Lá pras tantas eu pedi: Ai Camila, me ensina a sambar assim! E ela: Não que senão nunca mais tu vai sambar bonitinho desse jeito.
Eu sou o seu paradeiro, não os versos que eu escrevo e depois rasgo.

segunda-feira, setembro 01, 2003

Todo cozinheiro é um pouco químico.