quinta-feira, novembro 28, 2002

nao. eu nao prefiro qualidade à quantidade. gosto mesmo é de presença, excesso, abuso de tanta presença. gosto de sentir sufocada e se brigar, que seja por ar, não por olhar.

terça-feira, novembro 26, 2002

mania de querer as coisas pra mim, caralho! coisa de criança... mesmo que nao fosse, qual é o problema ô meninazinha mimada e prepotente. eu odeio ser idiota assim. depois dessa eu vou me enterrar. bai bai por alguns dias. eu to é estressada, vou tirar uns dias de folga de mim. bai bai.

segunda-feira, novembro 25, 2002

chateada. assim. sei lá. a gente tem toda uma relação com as nossas coisas em que os nomes delas são partes delas, não só um simples nome. ainda mais quando provavelmente este nominho saiu da sua cabecinha. sei não. posso estar enganada. mas quem quiser que invente outro nome, bologue é só o meu.

domingo, novembro 24, 2002

já? não não. eu ainda nao estou pronta, volte daqui a uns 4 anos. obrigada.

sábado, novembro 23, 2002

sempre a mesma coisa? se é essa a coisa pode ser, que é linda. se todas as coisas que se repetissem fossem lindas e leves assim... aliás, nao mude, faça sempre essa mesma coisa, ecreva sempre sempre sempre desse mesmo jeito, as mesmas coisas, que é pra ver se as pessoas entendem. é bom demais assim, não precisa mudar, nao precisa dessa obcessão de inovar, até pq mesmo sendo do mesmo jeito sempre, as palavrinhas ainda solavancam. por mim pode continuar assim eternamente.
Levantou a mão e me atalhou, suplicante: Ouça, o que é mais importante pra você, ser considerada mais bonita ou mais inteligente? Respondi sem pestanejar: Mais inteligente! Então ele riu o riso mais comprido daquela tarde, ah! como eu era bobinha! Livresca e bobinha. A beleza é tão importante, menina. Sei o que estou dizendo, eu que sou um canhão!

quinta-feira, novembro 21, 2002

será que eu sei mesmo o que significa Eu te amo?

quarta-feira, novembro 20, 2002

aquela lua de ontem. praia da caçimba. descalça. vestido. trança. Turn Your Lights Down Low. no chão. areia branca na mão com força e solta. vento e sal no rosto. no lábio. desamarrada. esquecida. só. alguma coisa leve na cabeça pra ajudar. olhos fechados. Turn Your Lights Down Low repetidas vezes. desconhecidos. muitos. beijos desconhecidos. muitos. a noite inteira. e quando o sol vier, ir cuidar das minhas tartaruguinhas.
odeio esses dentes que só doem e nada de nascer.

terça-feira, novembro 19, 2002

a verdadeira riqueza do mundo (nao importando o que este mundo seja) são as pessoas. nao tem para onde correr. a gente se decepciona, chora, jura que até desiste, mas gente é uma coisa importante demais pra quem é gente também. Tah, às vezes um cachorro resolve, mas é diferente. vai ver que por ser tao difícil encontrar pessoas que sejam brilhantes pra você que quanto se encontra isso passa a ser tudo. e tem gente que é assim. tem mesmo. que gosta sem a gente nem entender por que diabos ela gosta tanto da gente. que vê um alguém especial, especialíssimo, único, que só se parece com um outrinho alí que também é um outrinho especial e único perdido no mundo. que faz a gente crescer 32 cm em uma conversa de 1 hora. que por mais que a gente saiba que nao vai ser assim tao fácil ela faz parecer tanto que a gente até se convence um pouco. que vê motivo na gente. grandeza que nem a gente vê. ternura, inteligência e sensibilidade que é seu - ela diz - mas vc nem alcança no pensamento tanta assim, que dirá tê-los. aceitação imediata. afinidade. gosto mesmo. nao há outra coisa que possa explicar. que é capaz de correr por vc pra ter mais tempo livre para vc. que é capaz de chegar de manha mais cedo pra te ajudar só pq vc precisa. sem ser nada seu. só por que acredita e gosta. que pede por favor para ir ver o teu trabalho que em grande parte se deverá a ela. e ainda diz que "se for" vai levar um babador e acenar "instante instante" pra vc. é crença demais, nao mereço. Nilda, vc é quem é muita coisa, uma coisa muito "demais da conta".
CANTIGA DE ENGANAR

O mundo não vale o mundo, meu bem.

Eu plantei um pé-de-sono,
brotaram vinte roseiras.
Se me cortei nelas todas
e se todas se tingiram
de um vago sangue jorrado
ao capricho dos espinhos,
não foi culpa de ninguém.

O mundo, meu bem, não vale
a pena, e a face serena
vale a face torturada.
Há muito aprendi a rir,
de quê? de mim? ou de nada?
O mundo valer não vale.
Tal como sombra no vale,
a vida baixa... e sobe
algum som deste declive,
não é grito de pastor
convocando seu rebanho.
Não é flauta, não é canto
de amoroso desencanto.
Não é suspiro de grilo,
voz noturna de nascentes
não é mãe chamando filho,
não é silvo de serpentes
esquecidas de morder
como abstratas ao luar.
Não é choro de criança
para um homem se formar.
Tampouco a respiração
de soldados e de enfermos,
de meninos internados
ou de freiras em clausura.
Não são grupos submergidos
nas geleiras do entressono
e que deixam desprender-se,
menos que simples palavra,
menos que folha no outono,
a partícula sonora
que a vida contém, e a morte
contém, o mero registro
da energia concentrada.
Não é nem isto, nem nada.
É som que precede a música,
sobrante dos desencontros
e dos encontros fortuitos,
dos malencontros e das
miragens que se condensam
ou que se dissolvem noutras
absurdas figurações.
O mundo não tem sentido.
O mundo e suas canções
de timbre mais comovido
estão calados, e a fala
que de uma para outra sala
ouvimos em certo instante
é silêncio que faz eco
e que volta a ser silêncio
no negrume circundante.
Silêncio: que quer dizer?
Que diz a boca do mundo?
Meu bem, o mundo é fechado,
se não for antes vazio.
O mundo é talvez: e é só.
Talvez nem seja talvez.
O mundo ao vale a pena,
mas a pena não existe.
Meu bem, façamos de conta.
De sofrer e de olvidar,
de lembrar e de fruir,
de escolher nossas lembranças
e revertê-las, acaso
se lembrem demais em nós.
façamos , meu bem, de conta
- mas a conta não existe -
que é tudo como se fosse,
ou que, se fora, não era.
Meu bem, usemos palavras.
Façamos mundo: idéias.
Deixemos o mundo aos outros,
já que o querem gastar.
Meu bem, sejamos fortíssimos
- mas a força não existe -
e na mais pura mentira
do mundo que se desmente,
recortemos nossa imagem,
mais ilusória que tudo,
pois haverá maior falso
que imaginar-se alguém vivo,
como se um sonho pudesse
dar-nos o gosto do sonho?
Mas o sonho não existe.
Meu bem, assim acordados,
assim lúcidos, severos,
ou assim abandonados,
deixando-nos à deriva
levar na palma do tempo
- mas o tempo não existe -
sejamos como se fôramos
num mundo que fosse: o mundo.

segunda-feira, novembro 18, 2002

voltei doente. maldito sol, maldita caçamba, maldita chinela.

quarta-feira, novembro 13, 2002

amizade não merece gravidade. ela não precisa disso. de fataldade. de letalidade. precisa ir existindo. topando. caindo. levantando. rindo. deixando. cobrando. esquecendo. lembrando. mas nunca fazendo as coisas serem graves, sérias, imutáveis. nao. eu acho que a amizade nao precisa de intransigência. de pontos finais. nem parenteses. nem hífens. ela nao precisa de pontuação pq melhor pra ela se o texto correr livre feito doido. nem precisa ter direção tembém. direita-esquerda, cima-pra-baixo, lado-pro-outro. amizade tem gostar de estar embaraçada, de dar voltas, de voltar ao início, de começar logo pelo fim. ou pelo meio. se é que tem inicio meio e fim. mas é isso que vc está vendo. amizade nao precisa franzir a testa. nao precisa preocupar-se. nao precisa tensao. precisa de cuidado, sim, carinho, compreensão. tentar ver antes dentro que fora. aí sim franzir a testa. mas sempre sem gravidade. amizade nao precisa de livro. amizade nao precisa de buquê de flores. pode existir. mas precisar não precisa. né não, Carol!

terça-feira, novembro 12, 2002

Maria Heloísa. Fazia tempo que eu não via sem maldade. Fazia tempo que eu não acreditava que uma coisa assim pudesse trazer felicidade, em vez de transtorno. Feliz por você Flávia. que o tempo levou de junto mas ainda está perto, nossas mentes ainda funcionam bem juntinhas. coisa de quando se "foi" grandes amigas de alguém. se eu tive uma grande amiga ela foi vc. e agora a sua Maria Heloísa olhinhos cinza, vai ser minha amiguinha também. te achei, e não vamos nos perder mais. nem nunca mais.

domingo, novembro 10, 2002

descobri o meu problema com música. é que só gosto de ouvir música quando estou só.
um medo doido de crescer. mas nao de crescer e ficar velho, de cabelo branco, dor nas costas, reumatismo, morrer. medo maior agora de envelhecerem as idéias, de ficar com pensamento caduco. medo de acomodar com pensamentos mais simples. medo de a vida tomar o mesmo rumo das outras vidas. medo doido de perder a "porra-louquice".
Amanhã é dia...

sábado, novembro 09, 2002

Uma semente engravida a tarde...

quinta-feira, novembro 07, 2002

se um dia eu fizesse uma lista de coisas brancas, Luiz ia estar entre paz e algodão
Mano Preto perguntava: Será que fizeram o beija-flor diminuído só para ele voar parado?
devia ter lido isso no dia da minha apresentação:

Arte não tem pensa:
O olho vê, a lembrança revê, e a imaginação transvê.
É preciso transver o mundo.


E eu sou que nem criança. que é capaz de ler um livro 1.976.358.023.114 vezes.
a aline saiu daqui agora há pouco. nosso livrinho tá ficando lindo. cheio de coisas sozinhas. a aline vai ter uma mirella daqui a uns dois meses. ela tem uma barrigona redonda e linda. e tem uma mirella dentro dela.
eu queria ser expulsa de casa.
mas é isso. eu não tenho maturidade. não essa que ela pensa que eu não tenho. de me fechar. me fecho para ela ver como ela se fecha. não tenho maturidade por que tenho medo. vai que ter medo é falta de maturiadade... não tenho maturidade por que eles mesmos inventaram um mundo para que eu fosse feliz nele. agora querem me tirar o mundo. não quero deixar tirar, óbvio. ele era meu até um dia desses. eu errei tudo, não era nada disso que eu queria. me dá o mundo de volta! parece que ninguém entende. nem aqui eu tenho a chance de voltar atrás. porra de tempo que resolve sempre só passar. eu odeio vc tempo. eu odeio essa unicidade das coisas. eu vou morrer sem me acostumar que as coisas só são uma vez. "Agora já nem sei mais se é isso que vc quer!" Mas como saber o que eu quero sem ser eu? sem estar dentro de mim? o que leva a achar que pode? só por que pariu? se for por isso vou parir também um dia e nem por isso vou devorar o cérbro da minha cria. déspota.
meu lugar não é a minha casa. definitivamente não é a minha casa. meu lugar tem que ser meu. só meu. quase nada, mas meu. e só eu preencha esse lugar. eu e quem eu quiser. lugar da cor que eu escolhi, com as paredes no lugar que gosto. sem tapetes, sem vozes, sem resíduo. sem apoio mas só. onde eu possa ser só. onde eu possa ser indivíduo e não fazer parte de instituição nenhuma. pode ser aqui, na espanha, na bélgica. o vasinho das flores que gosto na mesa da cozinha. minha música. meus pés descalços, sutiã e calcinha. minha bagunça, minha ordem. janelas abertas sol entrando forte. silencio.

segunda-feira, novembro 04, 2002

Sexta é a reunião com os coordenadores de monografia. A gente vai lá, vai ouvir um bocado de coisas, vai receber um papel pra preencher em casa com o que vai ser a monografia. A uma altura dessas boa parte das pessoas já sabe ou pelo menos tem alguma idéia do que vai fazer. Eu não. É sempre assim. Sempre é difícil escolher uma coisa dentre o mundo de opções. Eu não. De corajosa nessas horas me esqueço ou não quero ser. Lembro que sou tímida e que é coisa séria, não vai ser com uma piada, uma imitação de professores ou distribuição de pirulito que eu vou resolver esse troço. Eu vou ter que falar, falar pelos cotovelos coisas que não são conversa de banquinho no corredor perto da rampa, falar coisa séria, que tenha sentido, com um tempão lá que foi determinado. Determinado lá por aqueles professores que eu vou ter que me reunir na sexta. E que vão me dar um papel para eu preencher em casa.

domingo, novembro 03, 2002

Macunaíma estava muito contrariado. Venceslau Pietro Pietra era um colecionador célebre e ele não. Suava de inveja e afinal resolveu imitar o gigante. Porém não achava graça em colecionar pedra não porque já tinha uma imundície delas na terra dele pelos espigões, nos manadeiros nas corredeiras nas seladas e guapiaras altas. E todas essas pedras já tinham sido vespas formigas mosquitos carrapatos animais passarinhos gentes cunhãs e cunhatãs e até as graças das cunhãs e das cunhatãs... Pra quê mais pedra que é tão pesado de carregar!... Estendeu os braços com moleza e murmurou:
- Ai! que preguiça!...
Matutou matutou e resolveu. Fazia uma coleção de palavras feias de que gostava tanto.