quinta-feira, julho 28, 2005

tudo o que penso é numa forma de dar alguma gratuidade ao mundo. difícil pensar em receitas. ainda mais nelas exorbitantes. e não é manifestação socialista adolescente tardia. é porque quando é de grátis é mais livre e mais possível. lugares que se podem usufruir todos sem deixar lá mais que o necessário para que ele continue existindo. como uma biblioteca comunitária. como uma praça. como um pique-nique. como um fultebol na praia. com um passeio à pé na hora do sol se pôr. como uma visita inesperada. como uma aula de reforço porque o outro precisa de ajuda. como o que alguns fazem com o destino de algumas verbas. é essa sensação de ter, receber, dar e não dever que é boa. se isso for socialismo, ele deve ser um cara legal.

quarta-feira, julho 27, 2005

sisos doem e eu sou insone

e tenho me sentido um tanto óbvia, clara, simples. direta. uma camisa bem passada. tenho desemaranhado e isso as vezes pode ser até bom, às vezes. tenho sentido poder realizar muitas coisas que não sabia antes, mas não sei se penso mais tão bem. pelo menos é o que acho. os sonhos dos sonos são mais bestas. bom mesmo são os que eu sonho bestando distraída. esses sim. tenho andado cansada mas não sei nem de quê, porque não tenho feito coisa alguma. tenho perdido um bocado de poesia, já procurei em todo canto, não encontro mais, gaveta do banheiro, do carro, da geladeira, não está. tenho cabelos novos e uma doença antiga que piora com minha mania de me cutucar, mas cadê, pareço que não tô nem vendo. tenho lido muito menos, tenho ido a menos coisas gratuitas, tenho parado de observar as quaisquer coisas, tenho tonturado demais. o mundo tá pesado, e é pequeno e é grande, e a gente nem precisa estar nele, nem a gente nem mais ninguém, nada precisa da gente.

terça-feira, julho 26, 2005

meu sonho era que ele fosse embora, que ela não voltasse, que o outro jamais tocasse e que ela lá só me dengasse o dia todim.

segunda-feira, julho 25, 2005

Me deixa em paz

Se você não me queria
Não devia me procurar
Não devia me iludir
Nem deixar eu me apaixonar

Evitar esta dor é impossível
Evitar este amor é muito mais
Você arruinou a minha vida
(Ora vai mulher)
Me deixa em paz.

sexta-feira, julho 22, 2005

do outro lado da linha

- mais para dar sinal de vida. ainda que uma assim, meio capenga.

- lua e mangue são lindos, juntos.

- juntos, são lindos.

- que mais existe não passam de idealizações.

- isso e tudo o que nos cerca.

terça-feira, julho 19, 2005

não tenho nada no coração. não tenho nada na cabeça. nem no nariz. nem me falta nenhuma substância necessária para considerar-me alimentada. não tenho problema na arcada dentária. nem os sisos são os culpados de nada. não tenho mais é sossego, ou qualquer coisa que se pareça com paz.

domingo, julho 17, 2005

Resolução

- eu não quero mais ser uma pessoa tonta.

quinta-feira, julho 14, 2005

Estranhas Interrogações

[dia desses]

- e aí?
- e aí!
- tudo bem?
- tudo.
- tudo o quê?
- tudo.
- que coisas?
- tudo não pode ser outra coisa que não todas as coisas.



[dias depois]

- tu tá bem?
- cansada. muita prova, estagio, noites mal dormidas dão nisso.
- vixe... por isso que eu não faço nada.
- nada o quê?
- nada. nada é nada, ia ser mais o quê?

terça-feira, julho 12, 2005

ele sentou praça na cavalaria. gosto sempre quando ele vem. me traz de presente sua roupa. eu fico galante, ele diz. e me empresta o cavalo para eu dar uma voltinha. pela lua.

segunda-feira, julho 11, 2005

A felicidade é branca, certeza. E nem sempre vem em dias felizes, inteiramente felizes. Na verdade, a felicidade também pode ter outras cores, vermelha, amarela, azul e até cor de rosa, mas essa, a branca, é justamente a que a gente ainda consegue manter mesmo depois de - ou em - uma coisa ruim.

domingo, julho 10, 2005

"A minha musa inspiradora é a encomenda". Queria ser assim. Porque ter melancolia, angústia e tristeza como coisa inspiradora, além de estética ultrapassada é sofrimento inútil.

[não. eu não estou assim.]

quinta-feira, julho 07, 2005

Te vira aí, negona, que ainda falta muito pro dia 23.

quarta-feira, julho 06, 2005

E gotas podem ser as das salgadas ou as dos colírios. Não que uma exclua a outra.

terça-feira, julho 05, 2005

Um pouco de cilada, em que talvez eu mesma me ponha, e que talvez também, apenas eu veja. Mas bem talvez. Nessas horas que lembro que todo mundo pode morrer igualmente e que a chance da Bia sair da minha vida é igual a de qualquer pessoa sair da vida que quem seja. Aí eu ia ter que pedir pra ela voltar pra mim porque assim eu sei que vou morrer de dor. E penso para além das morbidezes, que a negligência e a sugestão são dois valores, sempre, quando vistos por mim dentro deste contexto. Vontade de lutar é a mesma de fazer de um jeito que a luta - cansativa, expositiva - não seja necessária. O meu problema sempre serão os importanciamentos.

As músicas tristes - bem tristes - estão especialmente bonitas hoje. E só bonitas.

segunda-feira, julho 04, 2005

a felicidade às vezes é tanta que pode doer?
Acho que era isso que o Vinícius queria dizer.

Tem dias que eu acordo pensando e querendo saber de onde vem o nosso impulso de sondar o espaço.