sábado, setembro 29, 2007

Boa sorte.

"Começam os primeiros sinais da noite. O sino da igreja badala seis vezes,
os passarinhos cantam em coro, os carros páram todos em fila no sinal,
e estou à beira da porta, indo embora, meu amigo. Daquelas despedidas
graves, escurecidas, silenciosas. Indo embora para nunca mais voltar."
(Diana Melo, Farelo 02 de agosto de 2007)


Sou uma menina cearense de vinte e cinco anos e poucos quilômetros vencidos. Destinei poucos anos de minha vida a adquirir alguma fortuna, a pensar exatamente em uma carreira, em planejar um pouco o futuro. Vivi como vivem as crianças, um dia agora depois o outro, mas em outra hora. Com isso, de alguma forma estranha que creio absolutamente incompreensível, as pessoas entram e saem de minha vida com grande intensidade. Porque elas também vivem em mim como se fossem eternas em seu (ou meu) agora. É assim desde criança, quer dizer, desde a infância. Uma vez minha mãe me perguntou ao entrar no carro porque eu sempre abraçava e beijava minhas amigas todo dia antes de ir embora do colégio, como se fosse uma despedida, se eu sabia que as veria no outro dia. Eu a respondi que era porque todo dia era uma despedida.

Hoje lembro disso de uma outra forma. Tudo, todo dia é uma despedida. Não estou falando daquela agonia de carpe diem, linda mas impossível. Só penso (e provável que só agora) que talvez todas as nossas relações sejam (e sempre tenham sido) apenas despedida. E isto não é necessariamente ruim. Pensemos nas pessoas que conhecemos. O tempo que levamos para construir um primeiro contato com alguém. Se não nos despedíssemos, não haveria nunca a idéia de um encontro. De como temos quase necessidade de receber a despedida do dia todos os dias quando nos desejam "boa noite". E que por gentileza e carinho despedimos a noite de alguém ao lhe desejar "bom dia". Talvez as despedidas atravessem os encontros em mais de um sentido.

As despedidas são sempre recomeços. Algo que teve um papel cumprido e que agora abre espaço para que se cumpra o novo papel que merece ser aceito. Elas devem nos encher de entusiasmo, de esperança, como os bons dias e boas noites, porque são sempre os motivos dos encontros. O que penso que devemos fazer é comemorar o encontro vivido, a etapa vencida, o tempo percorrido; e cruzar os dedos com muita fé pro que virá. Isso vale para qualquer despedida, como vale para qualquer encontro. A vida é intensa.

Todos os dias nos cruzam várias pessoas em despedidas e em encontros (ou em ambos). Cada pessoa contém um caminho, também de despedida e encontro. Vou continuar optando pela despedida diária, porque vivi muito pouco, quase nada, e sei que as pessoas nos encontram em espaços ligeiros demais, em instantes vivos, e ainda assim são capazes de fazer ninhos. As pessoas são lampejos, pequenos raios, nos encontram e nos despedem, e isso não é lamentável, apenas quero continuar atenta. As despedidas acontecem quando os ciclos se fecham.

Mas cada encontro é um caminho.

sexta-feira, setembro 28, 2007

criatura,

força e coragem pra chegar no fim.


[e é belo, nem depende de como você vê]

quarta-feira, setembro 26, 2007

da santidade (pretendida)

ou, como viver em fortaleza a partir de primeiro de outubro:
e ainda tem o liso. o macio que o ar que respiro atravessa meu corpo desde a narina. previsão de vida-lago e calmaria que vem com todo esquecimento, com toda mudança, com toda atitude segura e firme. tem um canal antes lacrimal hoje solar que pretendo preservar. por isso tantos espelhos pela casa. gosto que denunciem.

terça-feira, setembro 25, 2007

conheço, conheci, conheço, das longas datas, o canto da sereia. e dizem que ele nos leva ao silêncio do deserto, que nos faz reconhecer o próprio canto do homem como inumano. e nos mata. é um canto de engano e sedução ao qual só resistem só resistem os navegantes desleais e astutos.

segunda-feira, setembro 24, 2007

Me resolvi por subir na pedra mais alta.

terça-feira, setembro 18, 2007


Não tem mal, nem maldição
não tem sereno no meu dia
Não tem sombra e assombração
Não tem disputa por folia
Tem bola de capotão, capitão capture essa menina
tem saudade e saudação
tem uma parte que não tinha.

quinta-feira, setembro 13, 2007

meu violeta

aprendi a culltivar olhos de lince
silêncio de pedra
amor de cão
esquiva de gatos
persistência de deserto
esperança de marés
paciência de águia
alegria de borboletas
euforia de sol
juventude de lua
sabedoria dos troncos mais grossos das mais antigas árvores do planeta



tenho sido feliz como os peixes.

segunda-feira, setembro 10, 2007

A Deus eu agradeço e a toda natureza
Pelo céu azul, o sol, a lua e as estrelas
Oh minha mãe divina eu também vos agradeço
Pelo que conheço, obtenho e recebo
Andar na paz dos santos proteção dos anjos vem
Prestar bem atenção que no mundo tudo tem
Alerta para o tempo que o mesmo está chegando
Quem falou do meu Mestre com certeza vai ficando
Anjos e Arcanjos neste dia de natal
São José, São Zacarias e o Bispo Imperial

sexta-feira, setembro 07, 2007

Ela ia ter um castelinho em Miranda do Douro. Pediu pro amigo arquiteto procurar registro do castelo maior da praça nas secretarias do Governo do Estado, porque ela nunca viu o maior de todos, mas sabe que é o mais bonito e queria fazer um igual. Tava predestinado.

Ela ia construir o castelinho na beira de uma lagoa, que de um lado fica Portugal e do outro Espanha, ou ela que entendeu assim e achou que desse jeito estava bom.

As únicas exigências, e nisso aí ela nem ligou pra planta do castelo maior, era que seu castelo tivesse uma ponte elevadiça, mesmo o amigo arquiteto dizendo que não há sentido uma porta que é ponte se ela não vai atravessar água nenhuma; e um campinho de futebol atrás do castelo, daqueles iguais ao que tem na alça do viaduto da BR116 quando se vem das bandas do Castelão, o que é, dessa vez, mera coincidência, um estádio chamado castelo no meio do caminho dos desejos dela.

Com essas duas coisas ela sabia que ia ter o benefício de juntar as pessoas mais legais de Miranda do Douro, os bestas, que gostariam demais de uma ponte elevadiça de brincadeira, e as crianças.

E para isso ela promete fazer uma pequeno riacho artificial para a ponte ultrapassar alguns peixinhos e não usar janelas de vidro.



É que algumas coisas nessa vida ela sabe que tem que fazer por onde dar certo.

terça-feira, setembro 04, 2007

Paz, eu quero paz.

segunda-feira, setembro 03, 2007

quero guardar a música dela para agradecer aos santos, meus tantos encantos, meus pés que parecem voar.
sorte maior é saber o chão onde se pisa.

domingo, setembro 02, 2007

As coisas não querem mais ser vistas por pessoas
razoáveis:
Elas desejam ser olhadas de azul-
Que nem uma criança que você olha de ave.


Há um mundo de sutileza bem debaixo do meu nariz. Nele podemos ver a cor das pedras entre a retina e o sol, correntes de sorrisos, palavras que se encaixam. Sobre ele, rotação, translação e fuso, pontos equidistantes, palavras quase-matéria que talvez sejam como nuvens e chovam passem desfaçam-se ao menor vento ou ao ver do tempo. O mundo de sutileza é um mundo de palavras ainda não-ditas que me espera com prazo marcado, talvez totalmente mudado, como convém nos retornos. E eu me elabirinto.

sábado, setembro 01, 2007