domingo, março 31, 2002

Nesses dias que passaram vi uma lua sol numa noite dia. Ou será que era um dia escuro. Não. Não era. Era uma noite azul clara como nenhuma outra. A mais linda de todas nas curvas lá da minha praia. Cada ida a essa praia são anos vida. Lá é o único lugar do mundo que dou mais valor ao próprio lugar que às pessoas que me rodeiam nele. Esse lugar me basta. Vocês deveriam conhecer. Não como os turistas fazem - não preciso dizer como eles fazem - mas como parte de lá. É o lugar mais acolhedor do mundo, mas é preciso que se acolha ele também. Vão lá. Dêem um abraço na areia, sejam cobertos pela noite quente. Ignorem as pessoas que não são interessantes para o sentir-se bem. Vão lá. Confundam-se na água, brinquem de ser uma hemácia no sangue do mundo, brinquem de ser jangada e deixem o mar levar vocês. Sejam misteriosas sereias encantando os pescadores do lugar. Esqueçam da latinha de coca-cola e dos carros passando. Vá a praia durante o crepúsculo e espere o anoitecer, aí então entre no mar morno e cheio de vida.

quinta-feira, março 28, 2002

Eu hein?! hoje eu estou tão tagarela... Acho que é por que ontem, no maior estágio da minha insônia, remexendo nos meus papéis ao lado da minha cama, encontrei um zine sobre a Olga Benário Prestes e nele a carta que ela fez para a filha e para o marido, Luiz Carlos Prestes, um dia antes de ser executada na câmara de gás. É uma daquelas coisas que você não percebe mas demora pra esquecer. Fica o resto do dia com a cabeça vazia, parecendo não funcionar mais, mas na realidade, está tentando engolir e suportar o que foi lido. Fica buscando coisas para dizer pros outros sem motivo nenhum, de repente aparecem mil assuntos dos mais variados para você não calar a boca um só instante e não ficar lembrando. É, Acho que deve ser isso o que está acontecendo comigo. quando paro um instante me vem a foto dela que tinha no zine e lembro dela ter escrito "...mas tanta coisa ainda pode acontecer até amanhã...". Fico pensando se eu fosse a filha a ler esta carta. Fico pensando que é pior quando se lê uma coisa dessas e já se sabe o final da história. Fico pensando o que é que leva o homem a ser tão cruel às vezes.

É, acho que deve ser só isso mesmo...
À quem não gosta, não entende ou acha que eu me acho:

Tenho uns pedaços longos de mim mesma guardados na gaveta, nada mais. E é disso que eu gosto. De não dizer mas estar dito. De ser de mim e não parecer ser. Não gosto de ser lida, aceita, compreendida, reconhecida, até mesmo porque não sei o que é isso. Minha escrita pobre é para mim e para os meus. O que me faz bem é o momento em que as palavras saem mais corajosas do mundo que eu. Elas são eu mesma. Eu preciso delas. Elas saem de mim como eu gostaria de ser. Um vulcão, um vômito, um parto, um desengasgo. Não me orgulho delas, nem acho que deveria. Nem nunca pensei em ter alguma coisa delas que não fosse alívio. ab imo corde ...
Tudo vem e não penso em nada. Nem mesmo quando era para pensar. Tudo começa a ficar escuro e frio e o medo vem como quem não quer nada e para em pé na minha frente e me chama pra dar uma volta. Não adianta mais pensar agora. Não adianta mais dizer que não. Ele está lá, parado e em pé, bem na minha frente, e me chama pra dar uma volta. Não adianta desesperar. Me levanto, dou-lhe a mão e vou.

Sem Mais, Mirella Adriano
Que joguinho de merda aquele da selecinha ontem, não??? E o pior, o nosso querido Tasso (Adeus Tasso!) gasta 5 milhões de reais enfeitando a cidade por causa do BID e nem pra replantar o gramado pelo menos um mês, duas semanas antes do jogo... Foi vergonhoso receber 2 seleções mundiais com um gramado naquele estado. Tudo bem que era amistoso e talz, a reforma estava atrasada... mas não tem desculpa. Me desculpem as cadeiras e arquibancadas, mas o gramado é fundamental.
®
Bom, o problema do roteiro eu já resolvi. Não será nenhuma história inédita mas será uma que gosto muito. Mais pra frente, quando eu aprender melhor esse negócio de filme eu faço um melhor, maior e sem cortes. Vai ser uma adaptaçãozinha modesta do conto Venha ver o pôr-do-sol da Lygia Fagundes Telles... depois conto se deu certo.

Mas agora tenho outro pedido a fazer, Quem tiver alguma, e qualquer uma, informação sobre o conto - tipo, momento histórico, data... esssas coisas - ou sobre a Lygia - que não seja a biografia nem a bibliografia que isso eu já tenho..., alguma entrevista, algum livro comentado, alguma transcrição de palestra, ou coisas assim - que puder me ceder eu ficaria muito agradecida. Aí nesse quadradinho ao lado tem o meu e-mail, se não quiser não precisa nem se identificar, basta mandar prá lá. ou se não for em texto ou não estiver já digitado, me manda um mail dizendo o que é que tem, onde mora, se eu posso copiar pra mim, sei lá. Ainda peço ajudas. :þ

segunda-feira, março 25, 2002

Olha, eu sei que não é da conta de ninguém mas... se alguém tiver uma história e acha que ela pode virar um roteiro para um filme, será que não poderia me ceder???? É que não encontro na minha cabeça nenhuma história e vou acabar reprovando esta cadeira se eu não encontrar bem rapidinho um roteiro... Ah, e não se preocupe, se um dia virar filme de verdade, eu ponho seu nome nos créditos!!!!! Sério cara, tô desesperada, já não sobrou nenhum santo pra apelar...

domingo, março 24, 2002

era uma braboleta
que voava à luz da lua
era tão graciosa
a tal dona braboleta
daí veio o caçador
cujo nome é Tirulinho
com sua rede encantada
e matou a braboleta
que voava à luz do sol...
¥

sábado, março 23, 2002

Mudaram as estações
Nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Tá tudo assim tão diferente
Se lembra quando a gente
chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber que o pra sempre
sempre acaba

Mas nada vai conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguém só penso em você
e aí então estamos bem

Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está
Nem desistir nem tentar
Agora tanto faz, estamos indo de volta pra casa...

sexta-feira, março 22, 2002

O que será que acontece depois que a gente morre? É tão estranho... Já pensou que todas as pessoas, os lugares, as coisas que são importantes pra você vão passar, assim, puft, fuuuuuu, shhhhh... assim, como mais uma coisa, mais um lugar que existiu no mundo, umas pessoas que viveram numa época e fizeram parte de tal século... Essa idéia de que o que é importante pra você não ser vai imortal, que o mundo vai ficar mudando, mudando, mudando (e um dia pode até ser que se acabe), é muito estranha e, não sei o que é, mas, me enche de pavor. A sua casa vai ser ruína, depois destruída e virar uma estrada, um metrô, uma praça, um shopping, uma academia de ginástica; a praia que você gosta e chama de "Morro Branco" vai perder as falésias e as casinhas de pescadores que ainda restam e ter um outro nome; todas as pessoas que você conhece deixarão de existir um dia.
O pior de tudo é que se há uma coisa que você vai ter que passar sozinho é pela transição da morte. Isso me enche de medo. Não vai dar pra pedir pra alguém ir - se é que há para onde ir - com você. É você sozinho nessa hora estranha.

E esse mundo danado ainda vai ter coragem de continuar rodando...

Meio egocêntrica essa minha história, você pensa. E é sim. É mesmo. Completamente egocêntrica como se o mundo fosse o meu umbigo. Claro! São as minhas pessoas, os meus lugares, as coisas de que gosto tanto.

E esse telefone que não toca mais...

-> Meio inconformada com a sorte humana, hoje.
Oláááá Domenico!!!!!!
Estranho esse negócio de blog. Sempre me escrevi no meu caderninho que tenho ao lado da minha cama. Ele ninguém lê. Nem este blog, acredito, mas só em pensar na possibilidade de isso acontecer me travam os dedos. Acho que vou arrumar uma daquelas canetinhas que subistituem o mouse.

quarta-feira, março 20, 2002

Bandeira

Eu não quero ver você cuspindo ódio
Eu não quero ver você fumando ópio pra sarar a dor
Eu não quero ver você chorar veneno
Não quero beber do seu café pequeno
Eu não quero isso seja lá o que isso for

Eu não quero aquele eu não quero aquilo
Peixe na boca do crocodilo
Braço da Vênus de Milo acenando ciao

Não quero medir a altura do tombo
Nem passar agosto esperando setembro
Se bem me lembro
O melhor futuro esse hoje escuro
O maior desejo da boca é o beijo
Eu não quero ter o Tejo me escorrendo das mãos

Quero a Guanabara quero o rio Nilo
Quero tudo ter estrela flor estilo
Tua língua em meu mamilo água e sal

Nada tenho vez em quando tudo
Tudo quero mais ou menos quanto
Vida vida noves fora zero
Quero viver quero ouvir quero ver
(se é assim quero sim, acho que vim pra te ver)

(Zeca Baleiro)
Coração continua esquisito. Calado e vazio. Sabe, pastel sem recheio. Coco sem água. Beijo sem língua. Sozinho e meio com todo mundo. Nem sei. Não existem tantas palavras quanto sentimentos. Recalque. Tensão. Latência. Correr.

segunda-feira, março 18, 2002

Tô naqueles dias que a gente sente que é melhor nem existir...

coração esquisito. cabelo desarrumado. mãos secas e boca. pés descalços por baixo da mesa. dedos de um lado pro outro. coração esquisito. parece que foge de vez em quando. vai e volta que nem saliva. o olho não pertence. só olha. nem sei pra onde. olha. por que quer. coração esquisito. a rua cheia de ninguéns.

domingo, março 17, 2002

Um poeminha só para o Blog começar bonitinho...

O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa era a
imagem de um vidro mole que fazia uma volta atrás de casa.
Passou um homem depois e disse: Essa vota que o
rio faz por trás de sua casa se chama enseada.
Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que
fazia uma volta atrás de casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem.

(de quem até tinha se tornado meu novo amiguinho..., Manoel de Barros em O livro das ignorãnças, RJ, record, 1997)
oooooooooooooolá enfermeira!!!

bom, não tenho proposta e não gostei do layout desse blog, outra vez tentando vi um mais bonitinho, desta vez não encontrei... bem, bom, hum, é isso, não sei se mais alguém vai ler este meu blog além de eu mesma, mas ele vai ser assim, cheio de Ecletiquices...