terça-feira, agosto 30, 2005

Eu já vendi um livro para ir ao cinema.

quarta-feira, agosto 24, 2005

e raiva.
triste.

segunda-feira, agosto 22, 2005

Roubaram a minha senha para a terra do nunca. Invadiram minha casa, quebraram meus móveis, sumiram com tudo o que tinha meu nome.

E o que acontece? Nadinha. Só não deixam mais scraps.
- eu gosto dessas intervenções urbanas, esse lance do homem intervir na cidade.
- eu acho que a cidade é que interfere em mim. nenhuma cidade me comporta.

ai ela teve um espasmo e fica gaga, querendo me dizer que era exatamente isso que todo mundo enrolava pra dizer e não dizia numa frase, assim, como essa eu tinha acabado de dizer, que era essa a frase. vai ver eu me tornei uma pessoa sintética. e vai ver foi a cidade.

ai ela, debaixo de uma lua linda, em uma noite de brisa boa, no meio da rua, porque aqui os bares invadem a rua, tomando caipirinha comigo sem gostar porque eu resolvi me permitir o capricho de não querer cerveja, se debruçou na mesa entrelaçando os dedos de uma mão na outra, encurvando os ombros e retraindo o peito, entrando para concha, daquele jeito que deixa os cotovelos um pouco emborcados e bem à mostra, espalhados na mesa, prendeu o lábio e deu um sorriso vremeio.

sexta-feira, agosto 19, 2005

Borges é louco. Louco e absurdo.

(e sim, eu estou usando daquele recurso estilístico que se utiliza do nome do autor para falar da obra.)

terça-feira, agosto 16, 2005

insisto
tangos sempre contam histórias.

sexta-feira, agosto 12, 2005

Eu furei meu dedo no espinho da roseira.

segunda-feira, agosto 08, 2005

Lembranças alheias, muito alheias

uma é a entrada de Fortim. A entrada de Fortim, para mim, pelo menos, parece um desenho de livro infantil.

outra é a Amanda, filha da Rose e do Marcos, um casal amigo de minha mãe. A Amanda é doce, educada e gentil.

a última, e a que se encaixa em muitas outras afirmando uma certeza que não quer se fazer, é que quando criança eu tinha medo de me furar ao pôr os brincos.

sábado, agosto 06, 2005

algumas verdades

Programas esportivos da AM devem ser o som ambiente do inferno.

É preciso força para perceber que a estrada vai além do que se vê. E eu tenho astigmatismo.

Quem tem Clarice Lispector na alma acostuma-se a inventar. A não ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. E quem tem o Rosa?

Eu tenho a España no sonho.

Eu pinto o estandarte de azul. Assim que eu passar a sair no figural.

sexta-feira, agosto 05, 2005

Gostaria de poder o que não soubesse fazer desmanchar
em palavras. Mas elas se protegem demais. Têm medo
de luz. De ruído. De qualquer indago. Preferem a
coxia do teatro. Se a costumaram com a bruma. São
bicho arredio, do mato. Gatunas. São ladras, elas. De
fôlego que já falta, do chão que já não se tem, da
razão de quem a agarra com unhas e dentes ou a guarda
sob sete chaves. Porque palavra é chave que abre e fecha.
(E a minha narrativa é toda -articulada- acostumada).
Sinto falta do vermelho. Da palavra rota, do español
ou do Drummond, porque ser roto é diferente de rompido,
rachado, é roto, tem um desconjuntamento embutido no que
é roto, tem uma ausência, uma falta que acontece. Um
descompletamento definitivo. O que é roto não se cola,
não adianta. Da que dança descalça numa pele fina feito
tensão superficial da água, em cima de uma mesa de cristal.
Da palavra frágil. De tentar - porque é sempre apenas uma
tentativa a brincadeira - brincar de esconde-esconde com as
imagens absurdas que tento criar. De desproporção.
Desproporção é quando se tenta fazer ver tamanho na
desimportância e, ao mesmo tempo, deixar do tamanho do
cocô de uma pulga os temas graves que assolam a humanidade.
Eu também quis inventar um jogo com palavras.

quarta-feira, agosto 03, 2005

do caminho para casa e seus sinais

Mais uma vez o que a janela sempre meio aberta sempre quase fechada me mostra é uma paisagem estática.

segunda-feira, agosto 01, 2005

talvez por causa da língua, da corda aguda ou da narrativa lenta, invasora, vermelha, mas me remete a uma Espanha que já tenho saudades antes de conhecer. Que cariño que te tengo. Eu sou mesmo assim, sem pé nem cabeça, mas tenho coração.