segunda-feira, abril 28, 2003

Hoje eu amanheci com o coração cheio de amor. Por nada, só amanheci assim e só. E o dia está em 400 asa e milhões de cores, salvo em tiff, ou já impresso em off-set, tinta a óleo e couchê brilhoso 60kg, verniz por cima. É estranha a relação entre o amor e as cores. E amor por nada, pela Bia, que nem vai poder ler isso aqui, por mim, pela existência, pela fumaça e buzina dos carros lá embaixo. Deve ser porque resolvi hoje recomeçar. Quis nascer de novo.
e eu queria entender porque as pessoas preferem imaginar a conhecer. inclusive eu, claro. e as explicações de que cada um inventa um mundo pra si e que não há forma de não ser assim, ou as psicológicas de auto-proteção, só me trazem mais questões.

sábado, abril 26, 2003

Eu não quero mais. Já resolvi.

sexta-feira, abril 25, 2003

nem... tá é tudo é doido hoje.

quarta-feira, abril 23, 2003

vontade de cortar os pulsos. mas hoje não porque hoje eu não vou ter tempo.
Definitivamente não dá tempo de curtir a solidão. Vai ver que o meu castigo é não conseguir ficar sozinha um único instante nesse mundo. E as pessoas acostumadas a darem atenção às pessoas por achar que o que falta no mundo é atenção às pessoas não entendem que eu não quero atenção de ninguém. Eu quero ficar só por alguns instantes. Só e desconhecida.

segunda-feira, abril 21, 2003

eu odeio essa casa.

terça-feira, abril 15, 2003

De lá até a porta a menina foi, com o sol na cabeça, se perguntando coisas que não cabia a ela responder. Que talvez não coubesse nem a ninguém. Mas ela foi, com as minhocas da pescaria fervilhando sério. Mais ses do que por ques. Ele já não acreditava nela. Também, nem ela mesma. E se acontecia sempre. Ela achava que sim. Tentava responder o irrespondível com a maior simplicidade que conseguia que era para poder ficar com cara de respondível. E assim acabava tudo com cara de resolvido. Mas as minhocas pareciam não estar somente sob o sol. Elas entraram todas no corpo inteiro. Ela não entende por que, porque nunca entende o porquê das coisas mesmo. E porque resposta de que “é assim mesmo”, dessa ela não gosta. E não dá tempo de nada naquela sala. E ela volta com ardência e com pendência pra casa. E ela pensa se está fazendo aquele antigo caminho de novo. Se as minhocas estão indo com ela pra lá. Aquele caminho ninguém merece. E, também, ela não acredita nele. Assim vai aquela menina; que tombou do céu na primeira vez que ouviu falar que tinha que definir seus capítulos mas nao deixou transparecer, pelo menos é o que ela acha, que não transpareceu; de cabeça baixa até o carro e no carro calada com as suas minhocas até em casa. A casa que de repente não parece mais com ela. E olha aquela bonita rua em que mora como se visitasse. Pensa como seria bom se fosse apenas uma visita. E ela é tomada por taquicardia e lágrimas indesejáveis, se convencendo de que é por causa da casa que chora. Mas eu não deixo ela pensar isso. Ela chora por causa das minhocas. Ela chora de sina, do inevitável que ela não entende porque não é. É inevitável sim e parece vai ser sempre. Só isso e inevitável. E porque ela morre quando vê o Nariz Arrebitado sorrindo, olhando com olhos de quem come. Porque o nariz arrebitado é muito mais bonito que o dela. E talvez aquele nariz arrebitado não tenha minhocas nenhuma. Nem medo. E eu fico pensando o que fazer com aquela menina que quanto mais tem minhocas mais desajeitada fica e mistura logo as coisas todas. Ela está lá, daqui eu posso ver bem, com a cabeça enfiada no travesseiro cultivando as minhocas. E o pior é que ela teima em não aprender a pescar. Já insisti. Ela não quer.

segunda-feira, abril 14, 2003

tem sonho que não é de direito sonhar. tem sonho que não é justo.

sexta-feira, abril 11, 2003

É um parto duro, esperado, difícil. Mas uma hora, pode demorar, mas eis que a bolsa rompe. E vai-se fluindo tudo que tínhamos preso durante meses dentro nós, tudo o que fomos elaborando, cultivando, começa a jorrar com tamanha força e vontade, assumindo corpo e tomando vida própria. Ainda dói, ainda pensamos que não vamos conseguir, ainda há muito suor e sangue a ser derramado, mas não dá mais pra voltar atrás por que o processo já começou. Vamos vendo a primeira partezinha de nosso filho saindo de nós, mesmo que seja para alguns um filho indesejado ou um depois de algum aborto, e isso vai nos dando motivação e permitindo planos para o futuro. Ainda é tudo confuso e precisamos dos diagnósticos para saber se está correndo tudo normal com ele e conosco, mas ao mesmo tempo vamos sonhando com o primeiro sorriso, com a primeira palavra, com o primeiro ano. Vamos ainda antes de vê-lo imaginando como vai ser o seu rosto, se vai ser amável, doce, ou se vai chorar muito durante a noite. Ele vai nascendo, ora rápido demais, ora tão devagar que pensamos que alguma coisa deu errado e que não vamos conseguir tê-lo, mas depende mesmo é de nós, se quisermos ele nasce.

quarta-feira, abril 09, 2003

este treco bem que poderia se chamar blog do Eu sozinho
ou, pelo menos, tento ser.
Eu definitivamente não sou estudiosa. Não mesmo. Mas pior que não buscar tão ferrenhamente o saber é quem o faz e não aproveita o conhecimento que tem. Porque conhecimento só importa se depois que você o adquire não consegue mais viver da mesma forma que antes. O conhecimento, o saber, tem que ser, antes de tudo, uma ação, uma forma de viver. De nada adiantaria saber que sou responsável por aquele que cativo se não me torno realmente responsável por ele. É mais ou menos por aí. Sei muito pouco, mas o pouco que sei, eu sou.

domingo, abril 06, 2003

Eu gostaria de uma pessoa que estivesse comigo, junto. Que soubesse tanto de mim quanto eu mesma pra me dizer o que eu quero, o que eu sei, o que fazer. Ou que dissesse de vez em quando que é assim mesmo, que desse jeito está bom. Que respondesse de mim o que eu não sei, ou simplesmente não quero responder, normalmente aos outros. Que pegasse na minha mão e olhasse nos meus olhos e me mostrasse como não há nada demais na vida, que é simples, que a gente vive e não precisa ter vergonha ou medo. Alguém que me ajudasse a organizar a mente, o guarda-roupa, as gavetas, os arquivos no computador. Que entendesse as minhas prioridades. Que não dissesse “Não chore”. Ou que soubesse o jeito certo – que nem eu sei – de me dizer as coisas sempre, ou que, pelo menos, o jeito certo de me esquecer de vez em quando. Alguém que só estivesse, como os amigos imaginários da infância. Que acompanhasse, compartilhasse, assistisse, mas que saísse de dentro de mim, que fizesse parte de mim. Que fosse tão meu quanto eu mesma.

sexta-feira, abril 04, 2003

Não é pra sumir porque não é não querer. É rombo. É aperto. É dor no peito. Não é vontade de sumir. Não é vontade de não existir. Não é vontade de não ser. É só tristeza, melancolia inútil. Não é nada demais.

quarta-feira, abril 02, 2003

por ser amor
invade
e fim.

terça-feira, abril 01, 2003


BUSHIT.
ele ainda nao entendeu. pensa que temos condições de planejar o futuro. contar com o tempo. acha que devemos ter cautela na loucura. e que nao é hora de ir. que nao é assim e que tem deveres. que tem a vida pra cuidar. e nao entende quando eu digo que ir é cuidar da vida.