quarta-feira, junho 29, 2005

.uma coisa de cada vez

primeiro a gente vive. depois, a gente morre.

terça-feira, junho 28, 2005

eu preciso me cuidar melhor. mais e melhor. da saúde e dos enfeites.

segunda-feira, junho 27, 2005

.o mundo universal está aqui

Hermes Trismegisto escreveu com uma ponta de diamante em uma lâmina de esmeralda: o que está embaixo é como o que está no alto, o que está no alto é como o que está embaixo e todas as coisas são nascidas desta unica coisa por adaptação.
Sábado teve o cortejo. Anoitecendo. O sol tem muita importância nos acontecimentos, vejo isso, hoje. Eu, de coroa, a zabumba transpassada no ombro improvisadamente por uma faixa de karatê branca, iniciante. Eu, de coroa, tive medo de não poder com a zabumba. E o cortejo saiu, casa em casa, a borboleta das que tem as asa azul, quando ela avoa faceira no avoar. Ganhamos água, pinga, palma, riso, calo, dor. E pude. Com o peso dela no ombro e o peso de saber o que fazer com ela. Não quero outra vida. Só cortejo.
O céu tá um azul bonito.

O nosso olho é melhor que qualquer máquina fotográfica.

A imagem da retina, a mais efêmera.

Do instante eu não sei.
Ou memória.

sexta-feira, junho 24, 2005

a mi me gusta que baile usted.

quinta-feira, junho 23, 2005

E,

eu vou torcer pela paz, pela alegria, pelo amor

pelo inverno
pelo sorriso
pela primavera
pela namorada
pelo verão
pelo céu azul
pelo outono
pela dignidade
pelo verde lindo desse mar

eu vou torcer pela paz, pela alegria, pelo amor

pelas coisas úteis que se pode comprar com dez cruzeiros
pelo bem-estar
pela compreensão
pela agricultura celeste
pelo coração
pelo jardim da cidade
pela sugestão
pelo santo tomás de aquino
pelo meu irmão
Pelo Gato Barbieri
pelo mengão
pelo meu amigo que sofre do coração

eu vou torcer pela paz, pela alegria, pelo amor.
Dia 23. Hoje o santo descansa no meio de uma encruzilhada.

Encruzilhada não como imagem metafórica, mas como um lugar, apenas, em que se resolve descansar.

Passa alguém e o encontra, nem santo era, ainda.

Encruzilhadas chamam-se dragões.

Destino costuma ser lua. Ou a casa da morada.

E nesse dia o santo não fez nada.

Montou na encruzilhada e subiu, cavaleiro, para casa.

terça-feira, junho 21, 2005

tristinha. sacodida. filme ruim de ver. jogo terminado 4 a 0 empatado. jogo duro, noite e chuva. mas a gente torce ainda. ah se torce. o fim é sempre feliz. qualquer que seja ele.

sexta-feira, junho 17, 2005

Ficar mais um dia inteiro nessa casa vou enlouquecer. Espero que entendam: a casa se arrasta tal qual o centro da cidade às sete horas da noite da primeira cadeira atrás do motorista do ônibus sob a penumbra da cabine. Um dia inteiro de importanciamentos que não batem com os meus. As pessoas cambaleiam entre a necessidade de e a interferência ao, acho que até por esporte. Enquanto escrevia, ela veio espiar com o pretexto de ver algum livro. Engraçado, os livros desaparecem ao meu olhar de crítica. Devo ser mesmo muito enjoada. Eu já não tenho mais privacidade alguma.

segunda-feira, junho 13, 2005

Acho que à gente, a que diz pensar o mundo alguma coisa, que dizem ser promessa de alguma coisa boa, aconteceu de não se acreditar, mas um tanto tão e tão sempre - além de uma moleza quase cinza no espírito, uma certa preguiça, ou desvontade mesmo, de todo e qualquer movimento no sentido do fazer alguma coisa - que a gente até espera, no fundo, ou deseja mesmo, que essas pessoas estejam erradas, porque assim, ainda existiria alguma esperança de algum olho por aqui, ou, a de que a nós nos arrebata um certo fogo encantado.

sexta-feira, junho 10, 2005

Dor no ombro. Um monte de cabelos mutantes - como as células de um quelóide, foi a explicação da dermatologista para os cabelos pichains espalhados pela minha cabeça - no chão por toda a casa. Um livro 13 páginas mais lido e pela milésima vez abandonado, apesar de bastante amado. Sobrancelha refeita. Unha serrada. Leite tomado. Ombro doído da cadeira ruim. Dedo dormente - ou talvez como diga a Bia: desmentido, e eu acho ótima a idéia de "desmentir um dedo". Pensando no diacho do sapato preto que só tinha 36 e 39, 37 tinha, mas numa cor terrível. Avaliando algumas adolescências e concluindo que são todas mesmo meio iguais, ainda que difiram em algum aspecto, são sempre montanhas russas insolucionavelmente alucinadas. Com culpa de ter tomado a tal da metade do milk sake de ovomaltine. O canto da boca sangrando de tanto dente nele. Um passeio descompromissado porém revelador, pela internet. Uma ansiedade, uma dúvida, uma felicidade, muitas dívidas. Uns galos já começando a festa do dia 10 de junho. E uns 3 Kilos de insônia.

quarta-feira, junho 08, 2005

Eu tenho mais medo da dor do que eu podia supor.

segunda-feira, junho 06, 2005

Eu parei de me exercitar e fiquei gorda e flácida. Eu parei de me cuidar e adoeci. Eu parei de estudar e esqueci, ou pelo menos, acho que esqueci tudo o que estava acontecendo. Eu parei de sambar e já estou meio descordenada. Eu parei de dar aulas e ainda não liguei pra tentar mudar meu horário. Eu parei de tomar refrigerante. Eu parei de acordar sozinha às 6h40 da manhã. Eu parei de ler mais dois livros pela metade. Eu parei o teatro, a costura, a monografia da especialização, a culinária, a massinha de biscuit, a escrita, o crochet, a fotografia, a caminhada. Mas eu tenho a incrível capacidade de começar tudo outra vez.

domingo, junho 05, 2005

eu quero uma zabumba.

sábado, junho 04, 2005

Hoje eu toquei zabumba. Perdi todos os ritmos do reisado porque achei que tinham se passado duas, quando, na verdade, foram quatro aulas. Essa, a quinta. Cheguei justo no último ritmo de reis, o xote. Acho que dei alguma conta. Feliz que só, eu.

quinta-feira, junho 02, 2005

Fico com o cheiro dela. Meus braços marcados do amor violento. Descontrole do corpo, é o que dizem, na alma, o que sinto. Não mede mais que meus calcanhares, ainda, não tem mais que quatro dias. E tenho uma coriza que me recuso a atribuir a ela. Porque, de repende, ela pousa a cabeça entre as minhas coxas e dorme. O sonho intranquilo, de quem não gosta de perder o tempo do sono. Consegui convencê-la por três vezes de que seu lugar era outro, aquele, não aquele outro. Ela, rebelde, fazia-se de entendida, obedecia. Na verdade, deixei-me manipular, acreditei. Saí enquanto ela dormia. Deixei algumas recomendações, que sei, de olho aberto não as vai cumprir. E o que fazer? Dizer da paciência, do tempo, do cansaço, do cuidado, da falta de todos eles, e da recompensa que é, quando ela lambe o meu nariz.

quarta-feira, junho 01, 2005

Descobrindo a utilização - ou as diferentes utilizações - para os dois pontos, além da de anunciar uma enumeração.

Com a população de Penúmbria não dá pra dizer que tivéssemos as melhores relações; vocês sabem como são os penúmbrios, gente um tanto rústica, que cuida dos seus negócios; naqueles tempos começavam a vender bem os limões, com o hábito das limonadas com açúcar que se difundia nas classes ricas: e haviam plantado limoeiros por toda parte e recuperado o porto destruído pelas incursões de piratas de outros tempos.

...

Então se apresentava em praça pública oferecendo-se como protetor dos penúmbrios, mas todas as vezes fugia sobre uma saraivada de limões podres. Aí, dizia que fora montada uma conspiração contra ele: pelos jesuítas, como de hábito.

Eu juro como em nenhum dos dois casos me atreveria a usá-los.