segunda-feira, abril 22, 2002

A situação política no Brasil parece aquela historia da senhora que vai ao medico e diz:
- realmente doutor, eu tenho um problema de gases, mas eles não me incomodam, já que eles são absolutamente silenciosos e sem qualquer odor. Para lhe dar um exemplo concreto, nessa meia hora de consulta eu eliminei cerca de 20 flatulências e o senhor nem percebeu…
- sei, sei. Diz o medico.
- Pois então, a senhora tome estas cápsulas de quatro em quatro horas por uma semana.
Passada uma semana, a senhora volta ao consultorio.
- meu pai eterno, doutor! Que remédio o senhor me deu? Eles continuam silenciosos como sempre, mas o cheiro… ficou terrível de uma hora para outra…
E o medico retruca:
- bem, a sinusite nos já curamos, agora falta dar um jeito na audição…
aqui também as chuvas caem, inundam, estragam, deixam desabrigados, mas as prefeituras acham que a chuva e silenciosa, ninguém escuta, ninguém sente o cheiro…
a epidemia da dengue esta se alastrando, os mosquitos continuam se multiplicando, as mortes estão subindo, mas os governos federais, estaduais e municipais acham que o mosquito e silencioso, que ninguém sente o cheiro da picada…
a lei da responsabilidade fiscal e clara e faculta a prisão de ate quatro anos se o chefe do executivo deixar para o sucessor o montante de dividas, sem a respectiva reserva de caixa, referente aos oito últimos meses no cargo. Mas tem governador que diz que o déficit com precatório não e o mesmo que déficit de dividas. O precatório não faz barulho, não tem cheiro.
Pelo terceiro ano consecutivo, a renda do trabalhador teve queda, mas sabe como e, renda não tem cheiro, chega sempre silenciosa, apesar de não acabar sempre em surdina…
Talvez a solução fossem pílulas para serem tomadas de quatro em quatro anos, mas será que alguém vai agüentar o fedor?


Magda Ferrentini Salem
Jornalista e economista

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