quinta-feira, maio 23, 2002

Medo. E não bateu agora. Já era de antes. Medo do sonho que é bom. Medo de tanta coisa. Medo de não ter sonho também. Medo de crescer e virar máquina. Medo de passar. Como se não fossemos passagem. Mas ser passagem é o que incomoda. Ainda. Depois vou aprender a ser passagem. Espero. Já pegamos tudo no bonde andando e não vamos poder chegar com ele até o fim. Esquisito ser assim. Sem começo nem fim que nem Deus. E tem gente que questiona Deus existir, acho que por isso também, por ele ser um bonde andando. Sempre andando. Sem partida nem chegada. Será que a gente existe, então?

Mas o medo não é disso só. O medo é de achar que o tempo foi curto demais. Por isso que sonhar faz medo. Medo de no fim de tudo pensar: não deu tempo. Medo também de ficar igual os meus pais. Medo de passar mais ainda, que nem eles. Medo de ficar fazendo contagem regressiva. De ficar fazendo cálculos. Engraçado. Nem sei por que lembrei agora, eu quase não aprendo a escrever a palavra cálculo. Acho que vim aprender já na quinta série. Hoje acho ela bonita.

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