segunda-feira, junho 10, 2002

tava um dia aí de bobeira ouvindo música na chuva com um caderninho do lado, ó só o que deu. o texto tá muito bonito não, mas a idéia é tentadora...

Bem que o mundo poderia parar um pouco, descansar só um dia. Todo mundo se aquetar no aconchego de seus lares. Os que não tem lares, só um dia deixassem de pensar, de reclamar, de lutar e procurassem um lugar público mais bonito ou o lugar que mais gostassem e ficassem lá sentados por um dia sem fim. Todo mundo. O político. A dona de casa. O assaltante. O vendedor de carros. O professor do colégio. A Joana. O Rafael. A Rosimar. O Seo Zequinha. O Tadeu. A Samanta. Eu. Podia todo mundo parar um dia e ficar sentado no chão olhando pro céu o dia inteiro. Fazer só isso. Nenhum barulho de carro. Nenhum converseiro. Só olhar para o céu. Ver o sol nascer, chegar lá no meio. Brilhar forte e quente as horas que ser e ir indo embora. E a gente olhando, todo mundo. Nos lugares sem sol também deve ter o que se ver no céu. O mundo todo deveria se dar esse luxinho de parar de fazer tudo o que tem pra se fazer (e não vale no domingo). E o que fazer com os compromissos? Adia todos os inúteis por um dia. Um dia a mais, um dia a menos, que importa? Mais importante é passar esse dia inteiro sem fazer nada, nadinha de nada. Sentado em alguma areia ou grama ou beira de lago, açude ou rio, praia ou bosque ou qualquer coisa que a gente não possa fazer com as nossas mãos, olhando lá na janela do nosso mundinho. Tentar olhar lá pra fora. Tentar ver depois de todas as osferas. Mas só tentar. Conseguir ou não, também, o que importa? O bom é ficar olhando o azul, cinza, preto, avermelhado, da cor que for o seu céu também não importa. Cansou de ficar sentado? Deita. Ainda melhor. Fica lá deitado, põe os braços atrás da cabeça até o jeito incomodar, aí se vire prum lado, pro outro, de bruços, abra os braços e encoste a buchêcha no chão que você estiver. Feche os olhos e imagine o céu que você não tem, um qualquer, de uma cor que você nunca tenha visto, a cor, não importa. Fica lá e só. E pronto. Um dia todinho só assim. Se chover? Você é mesmo um sortudo. Aproveite ao máximo sua sorte. Esteja descalço. Não pense em nada. não fale. Só olhe. Não, você não vai sentir sede ou fome. Nem terá outras necessidades. Se dê um dia todo de preguiça, indisposição, de apertar areia na mão, molhar pés na água e olhar céu. Vai valer a pena, tenho certeza. São essas coisas que devem importar na vida da gente. Esta vida tão pequena e cheia de regras que nós mesmos fazemos e aceitamos e usamos como se fosse a coisa mais importante desta vida.

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