segunda-feira, setembro 09, 2002

achava lindo aqueles tons prata, vermelho e preto. olhava aqueles olhos que parecem não poder ver. que pareciam olhinhos de pano e esponja, e, sem poder nem respirar para que ficasse, eu me punha a observar a língua frenética que se alimentava do sujo da minha roupa. e para ver aquele prata mais lindo de todos eu suportava o mal-estar da cócegas e fantasiava algum contato olhando bem nos olhos de almofadas de veludo vermelhas. achava que se ela entendesse que eu a queria alí, eu poderia me mexer que ela nao ia embora com medo. e no fundo acho que cheguei a estabelecer alguns. elas ficavam passeando em mim. dando voltas em si mesmas para que eu pudesse olhar todo o seu corpo prateado de rasgos pretos. e me olhava nos olhos. e eu imaginava que ela me via como eu via a ela. sabia que não. sabia que ela via mais que eu, em mais dimensões e que podia e ver estando quase de costas pra mim. mas não importava. ela me via quando me olhava assim de frente, com seus olhos opacos e macios, olhos vermelhos estranhos olhando os meus comuns castanhos, que tem por aí um monte e que para vê-los eu não precisava de nenhuma sorte, acaso ou sacrifício. bastaria pedir, Olha aqui pra mim.

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