quinta-feira, outubro 10, 2002

Por que que eu penso tanto em que diabos eu vim fazer aqui, já que a minha importância para o mundo é nenhuma, e, a importância do mundo para o universo eu não sei nem qual é? Por que que eu inventei uma história de ficar fazendo as contas do tempo de vida que eu tenho? Por que que eu vivo me preocupando com o que vem depois? Por que, enquanto milhares de pessoas não estão nem aí pra isso, eu fico aqui feito uma boba, me angustiando, me afligindo, por não poder saber, por ser pequenininha demais. Aí de repente as coisas vão perdendo a importância. Todas. Vai tudo parecendo meio inútil, desnecessário. E eu que gosto de me envolver nas coisas, seja em fazer uma receita de bolo, seja em fazer campanha eleitoral para o candidato à presidência que eu acredito ser o melhor. Eu que gosto de entrar mesmo nas histórias, fico me questionando se estas coisas têm mesmo alguma relevância, se a vida, toda, em si, tem relevância. Se o fato de eu existir, a não ser pra mim, é relevante. Claro que não. Qual a minha importância? Pra que diabos sirvo eu? E se eu não tenho importância alguma, por que eu existo? Pra que existem as outras pessoas, os planetas o universo? Nem!, Deus lá é perfeito nada. Ele inventou as coisas para que pudesse ver com seus olhos o poder que tinha. Não bastando que só ele contemplasse, pegou o mais fraquinho dos animais – para não sofrer problemas posteriores – e o fez com capacidade de entender algumas coisas. De contemplar as coisas e a si. De complicar as coisas e a si. De criticar e questionar as coisas e a si. Foi Deus. A culpa é dele. A existência me incomoda.

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