terça-feira, março 11, 2003

As pessoas se escondem atrás dos as e erres. Criam um mundo de sonho onde o que gostaria de ser prevalece. E ouvem a voz do que gostariam de ser. E tomam atitudes pelo que gostariam de ser. Gostariam de ser não de ambição de se tornar, mas de ser uma pessoa de outra forma, como um bolo quadrado que queria ser daqueles redondos com um furo no meio e não um simples que gostaria de passar a ser um com cobertura de chocolate. E se sentem tão redondas com furo no meio quanto são quadradas. E querem acompanhamento de bolo redondo, mas não combina com elas. E elas insistem. E todos acabam acreditando porque acabam que o que vêem é isso mesmo. Não lêem as entrelinhas. É mais fácil comer do doce que está exposto na mesa que buscar um, que você nem sabe qual é, na geladeira. Esse já está mastigado, não necessita de maiores convivências. O outro ainda precisa ser conquistado, desbravado, você precisa ainda ser aceito por ele.

A enorme almofada azul cheia de estrelinhas no chão em que as pessoas deixam para as outras deitarem. O brilho nos olhos que as pessoas dizem ter e que acreditamos sem ver porque letras não brilham tanto assim. O fantástico mundo encantado que tem dentro da cabeça das pessoas que pensamos freqüentar, habitar ou descobrir. De tudo isso eu participo, mas, no fundo, sei que nada existe.

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