domingo, agosto 17, 2003

Até parece que o que dizemos é o que é, até parece que eu sei o que há, até parece que eu não sei. Até parece que não sinto nada, até parece que não me sinto nada, até parece que não sinto. Até parece que pareço o que sou, até parece que não apareço porque sou, até parece que não é nada. Até parece que vai passar com a lua, até parece que não é com ela, ou com ele, até parece que vai passar. Até parece que tenho o tamanho que eu gostaria de ter, não o tamanho da régua, o de dentro, aquele que chamam de alma. Até parece que há alma, bolas. Até parece, mas não parece olhando bem, que alguém sabe o que é realidade, ou que viria a ser isso um dia, caso existisse. Até parece que já não tenho mais aperto no peito, vontade de gritar, de me estender no chão debaixo da chuva, de fechar os olhos e imaginar tendo certeza que estou em outro lugar. Até parece que eu queria ser eu mesma. Até parece que eu pareço comigo mesma. Até parece que se pode ser você mesmo com todas aquelas vozes te rondando e ocupando os seus espaços. Até parece que entendem quando você diz porque até parece que você diz o que queria dizer. E até parece que se você conseguisse dizer passariam a entender. Até parece que os motivos são externos. Até parece que eu preciso de até pareces agora. Eu preciso é de você. E até parece que você vai saber.

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