terça-feira, setembro 23, 2003

O dia está amanhecendo aqui pela minha janela. Não consegui dormir essa noite. Não tenho sono agora. Maria Rita tem cantado nestes últimos 5 minutos uma canção bonita. Estrela, estrela, como ser assim, tão só, tão, e nunca sofrer. Brilha, brilha, quase sem querer, deixa, deixa ser o que se vê. No corpo nu da constelação estás, estás, sobre uma das mãos. E vais e vens, como um lampião, ao vento frio de um lugar qualquer. É bom saber que és parte de mim, assim como és parte das manhãs. Melhor, melhor, é poder gozar da paz, da paz que trazes aqui. A fluorescente do 4.º andar do prédio a frente (porque agora é assim, prédios a fente, sempre, nos tomando a vista) ainda está acesa, um ou dois passarinhos vão acordando devagar e ao acordarem vão acordando também os outros e sei que daí a pouco estarão todos em algazarra. Mas agora é calmaria. Uma senhora com uma sacola plástica branca vai de cabeça baixa - será que ainda dorme? - na direção do ponto do ônibus. Bem, como não dá pra ver da minha janela o ponto do ônibus imaginei que ela vai pra lá. E o sol vai surgindo devagar por trás do prédio cinza de nome feio "Receita Federal" e já tem alguém na rua oferecendo "a pamonha". O dia deve estar chegando já, os passarinhos todos já despertaram, estão me chamando. Daqui a pouco a minha casa também desperta e começará mais um dia para eles. Pra mim não, ontem ainda não terminou e o dia 22 amanheceu duas vezes, como eu sempre quis.

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