domingo, dezembro 14, 2003

e este papel agora é a minha ligação com o meu mundo. O que acontece aqui é absurdo e simples. Como o meu vocabulário. A senhora gorda tem uma enorme dificuldade conosco porque somos todas Carlas. Logo mais não saberei o que fazer. Nunca soube. Hoje ainda menos - como não canso de dizer. Ao sair daqui terei de explicar porque a odeio. Porque, ainda que mais ou menos saiba que não é o que penso, teimo em pensar. Cada vez mais em mim aquela certeza. Esperamos do outro exatamente o que somos. Desconfiamos no outro exatamente as nossas atitudes. Que seja. Mas a cada acontecimento como esse um átomo seu de mim desprende. A cada expressão sua, aquela certeza e aquela dúvida (sempre gostei dos opostos juntos, dá um certo impacto à frase. Ando assim, cheia de receitas.), se é injustiça ou medo. Se é da vítima ou do fugitivo. Eu aprendi a mentir. E não tenho nada que me preserve. Minto e ponho a minha conta em risco. A impureza que salte na minha face, enrugue os meus olhos e franza os meus lábios. Nada acontece, portanto. No espelho lá está um eu igual. Talvez mais feliz.

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