quarta-feira, março 17, 2004

O tal do beijo da saída que ela sempre dá. Com vontade, com gosto, com desprendimento. Nenhum receio diz a ela, Não pode, esse beijo. Os outros não. O tempo inteiro, na sala branca, que ela diz que gosta, e olha curiosa, tudo, tudo ao alcance, na sala, ela sempre recua, se esquiva, pensa, e olha com aquele diabo de olho que não me diz nada e pensa que diz, coça o nariz, se afasta e acha que pronto. E ficamos os dois, fazendo de conta haver outro motivo em estarmos alí que não aquele que ela não permite, inventando assuntos os mais obtusos e frágeis enquanto o tempo passa e se possa recomeçar. Até que uma hora - que não tarda a chegar - ela diz, Eu tenho que ir pra casa, se levanta, me leva até o elevador, me beija e vai.

Nenhum comentário: