sábado, novembro 20, 2004

Somente teu nome é meu inimigo. Tu és tu mesmo, sejas ou não um Montecchio. Que é um Montecchio? Não é nem mão, nem pé, nem braço, nem rosto, nem parte alguma pertencente a um homem. Oh! sê outro nome! Que há em um nome? O que chamamos de rosa, com outro nome, exalaria o mesmo perfume tão agradável; e assim, Romeu, se não se chamasse Romeu, conservaria essa cara perfeição que possui sem o título. Romeu, despoja-te de teu nome e, em troca de teu nome, que não faz parte de ti, toma-me por inteira.

Eu gosto desta intensidade. Porque toda - e tudo o que é - vida tem um prenúncio de morte. O que teria acontecido se Julieta não faz essas reflexões tão livres? O que acontece com o movimento que não foi feito? O que esperamos quando esperamos o óbvio, o cômodo, o fácil? É um tempo, um lapso, um instante, e que só faz sentido enquanto vivos e conscientes das memórias e dos sonhos. Isso que a gente nomeou de viver não é uma espera latente do envelhecimento do organismo. É um coisa grande, e só porque a gente quer, por mais nada, mas tem que ser, grande. E ela não tem tempo para o não saber.

Chama-me somente "amor" e serei de novo batizado. Daqui para diante, jamais serei Romeu.

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