domingo, janeiro 02, 2005

2005 começou bonito aqui em mim. Sem nenhuma euforia. Nenhuma tranquilidade - ou paz, ou algo que o valha - é verdade, mas também sem dessas alegrias estonteantes de momento. O ano começou. Acabou-se uma noite, levantou-se um dia e pronto. Nenhuma mágica, nenhum sonho encantado, promessa que sei não cumprir, peso a menos nos ombros. O ano veio, só isso. Porque é só isso mesmo que acontece. Eu sou a mesma pessoa de anteontem. Nem mais feliz, tampoco qualquer outra coisa. Das minhas observações solitárias o encantamento maior foi o de imaginar que a terra tinha acabado de voltar ao mesmo lugar de onde tinha partido no mesmo dia do ano passado, como um viajante que marca um ponto arbitrário e, após correr o mundo, retorna. Acho até que por nada. Ou para começar tudo outra vez, o mesmo percurso. E vai ser tudo diferente. Mas ainda a mesma coisa sempre. Para mim sempre esse grande mistério que não encontro outra forma de descrever, sempre diferente, mas sempre igual. E que isso não desmotive, incomode ou entristeça. Que isso apenas seja. Que os anos venham e que eu nunca mais seja contagiada por aquelas falsas esperanças datadas, por dessas alegrias eufóricas desesperadas, porque um ano deixou de acabar ou não. Ainda mais porque neste planeta os homenagiados estão sempre mortos, não importa quantas voltas ele dê. Os silêncios, os fogos, os hinos, os eu sinto muito, são todos para eles, tanto faz onde acontece a tragédia. O mundo só sabe condecorar a dor. Pois ano, venha, se é o seu ofício vir.


Mas é também verdade a folia que os fogos de artifício fazem no peito. Será por isso os chamam de artifício? Que seja. São lindos.

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