sexta-feira, maio 27, 2005

Pensando que eu deveria mesmo ter nascido em uma outra época em um outro lugar. Lembro agora de duas pessoas; Sylvia Plath e Hilda Furacão. A primeira, uma jovem escritora americana, ainda na faculdade, que fez na Inglaterra. Lembro delas o que delas vi em filmes. Sylvia insegura e forte, sem nem o saber, entrando num mundo egóico e competitivo de escritores já publicados, mas ainda estudantes, como ela. Apaixona-se pelo mais cheio de si de todos eles. Apresenta-o à mãe. Casa. Mas a inferioridade que via pairar sobre si, no entender do outro, não diminuiu com o casamento. Ajuda o marido a alavancar a carreira, deixa de escrever, passa a viver para os filhos, para a casa, para a solidão, enquanto o marido tinha prestígio e amantes. Não, não é a visão de coitadinha que quero dar à Sylvia, nem a de crápula à Ted Hughes. Mas em algum momento essas coisas aconteceram. São fato. O que gosto em Sylvia, ou dessa história contada sobre ela, é a capacidade de escolher as coisas difíceis, mesmo que sejam as certas, ou as que julgava certas. Quando Sylvia deixa o marido, este ainda a procura, propõe-lhe mudanças que ela soube entender que não aconteceriam, porque as pessoas são o que elas podem ser. Para mim, isso é fortaleza.

A outra mulher de meus pensamentos, hoje, é a Hilda, que não a sei verdadeira ou personagem, que a vi numa tela que não costumo procurar. De Hilda, ficou uma vontade de provar o mundo. Sem impor a si qualquer condição. Ia casar-se com um "bom partido". Saiu da porta da igreja para um cabaré. Deixou noivo, mãe, pai, irmão, tia e quem mais fosse. E sem esperar entendimento ou compreensão. Hilda era uma mulher lindíssima e a vejo como a atriz que a representou, uma das mulheres, melhor, um dos seres humanos mais lindos que tive o prazer de ver. Hilda entregava-se, tal como Geni, ao mais lazarento dos excluídos, que também como Geni, ao deitar com homem tão nobre preferia qualquer outro. Mas não é a imagem de incoerência, porque incoerência não cabe onde não existem condições, nem a de birra, muito menos a de mártir, porque Hilda não parecia querer imagem alguma, status nenhum lhe agradaria. Hilda queria apenas um mundo possível e real, senti-lo como sentiam os marginados, não nas suas escassezes, mas nos seus prazeres, nas suas felicidades. O que admiro é simplesmente a ida. A escolha, mais uma vez, a mais difícil. Depois, Hilda apaixona-se por um padre. Não lembro o que aocnteceu a essa paixão, mas também o é desimportante. A paixão em si é que me encanta. A inexistência de sentimento de culpa, o não ver a si como impuro, ou falho, diante da escolha tomada, e permitir-se apaixonar por um símbolo de prometida pureza, santidade e castidade. E talvez, a escolha de Hilda tenha sido conseguir esse amor també não impondo condição alguma fazendo o que precisasse ser feito, o maior dos sacrifícios. Não, Hilda não é mártir. Hilda soube fazer escolhas sem pensar no processo que teria de passar para alcançar seus objetivos. Só isso.

Então, agora, analisando, o que tenho em mente hoje é a admiração da coragem e perseverança pelas escolhas tomadas, certas ou não, por que não há como sabê-las. E também tenho achado que quando se escreve à máquina, pensa-se mais antes de escrever cada frase.

3 comentários:

Suyá Lóssio disse...

a hilda é a melhor.
é corajosa. e divia trepar muito.

Anônimo disse...

"porque as pessoas são o que elas podem ser. Para mim, isso é fortaleza". Eu só posso repetir o bordão popular: "AH!!! EU JÁ SABIA..." Sei que você vai entender. Beijos e beijos, e antes que eu esqueça, vê se vc consegue ler uma revista chamada Entre livros... depois me fala.

Mirella Adriano disse...

entendi foi nada. :S