quinta-feira, dezembro 01, 2005

Divinare, o Condão de Adivinhar (ou Das Palpitações)

As descrições dos dramas biológicos me comovem. Como tentar fazer ver uma palpitação, por exemplo. Dar-lhe textura, cor, ritmo, sobrenome, beck-ground e preço. Motivo não, que é uma desnecessidade. A palpitação não tem motivo, ela tem o ofício de existir seja lá o que aconteça - em mim, pelo menos -, porque precede o raciocínio e o entendimento. Confio mais nas palpitações porque o inconsciente está sempre certo. E porque a razão confia no tempo, que é, inegavelmente, um trambiqueiro safado desmerecedor de qualquer crédito. As palpitações, ao contrário da consciência, que elabora um impacial - e quase necessariamente falho - texto explicativo, nos demonstra o mundo por imagens nem sempre visuais, mas ainda imagens. As mais reais que podemos ter.

E me entrego ao torpor das palavras, o mundo ideal onde tudo posso, onde tudo tenho, onde tudo sou, como um amante dedicado que vivesse ao meu dispor.

4 comentários:

Caio M. Ribeiro disse...

Palavra são, antes de tudo, seduções.

Suyá Lóssio disse...

Elas fazem "palpitar" os nossos sextos, sétimos, oitavos (...) sentidos.

Anônimo disse...

nooossa.

coração palpitando de saudade.

Suyá Lóssio disse...

ô linda!
Eu tava correndo pro cine-club, de 7h! da próxima vez grita, pra eu te dar um abração!
=***