quinta-feira, setembro 07, 2006

Há uma casinha, em algum lugar, e uma plaquinha escrito: Mirella.

Um jardim embaixo da janela, verde, novo, nove-horas, cidreira, alecrim. Paredes brancas, louça desigual, cama no chão, colchão alto. Caneca de água de porcelana. Janelas de madeira, persianas, igual da casa de praia. Sem tapetes, esteiras, só. O tempo nas paredes, as coisas, os amores, os quereres, os afazeres, não, estes na geladeira, nela mais fácil lembrar devido a estranha mania de contemplá-la.

Terá que ter vento nessa casa, espalhando tudo, porque casa bonita tem que ter espalho de coisas pelo meio, onde a gente anda achando coisas, olha só aquele bilhete daquele dia, eu tinha que ter ido ao oculista, que foto linda essa, com o canto marcado pelo pé da cadeira, onde a gente anda assim, tendo surpresas.

Também não pode - nunca - faltar um cão, cadela, melhor, pronto, resolvido, cadela. Não existirá casa sem cadela. E a casa vai ser dela mesmo, tanto quanto minha, toda, qualquer espaço sem restriçoes. Dói ver bichinho lutando contra a vontade. Quer subir, meu amor, suba, amo mais você, incomparavelmente. Além do mais, para quê serve uma cama?

Vou precisar de estantes, hoje poucas, mas até lá, certeza de serem muitas. Vou pedir a da vizinha que vai mudar. Tá lá, encostada no corredor, custa nada, se ela disser não, vai dar no mesmo, o não eu já tenho. Se ela disser sim, eu a levo para o sítio, e ela fica lá, esperando por mim, o que também dá no mesmo, visto que ela espera a vizinha a bastante tempo encostada lá no corredor.

Na minha casa, mais madeira. mesa, cadeira, pilão, gaveta. tudo madeira cor de madeira.

Música o dia inteiro, no silêncio, só ela, preenchendo meus passos descalços. Minha televisão só passará os filmes perdidos no cinema - ou nem apresentados, que a localidade é atrasada, uma província difícil -, ou em caso de algum desses frequentes percursos inversos que fazemos para tentar entender o que aconteceu no mundo antes de a gente chegar.

E, um eu estatelado na cama, sem entender o que as pessoas fazem tanto lá fora.

5 comentários:

Anônimo disse...

mas a casa só é bonita se tiver tu lá dentro.

[beijo]

Esdras Beleza disse...

Me chama pra essa casa pra brincar com a cachorrinha e tomar um café? heheh

Mirella Adriano disse...

candie: eu tô lá, estatelada.

esdras: chama demais.

Anônimo disse...

oassa no meu blog

Anônimo disse...

Dá pra fazer uma dessa lá no Horizonte.