domingo, junho 10, 2007

há silêncios demais no meu silêncio.
posso sempre dobrar alguma esquina
e cismar com os pés dos homens.
esquecer da flor que se ergue feia no asfalto.
fazer doce, costura, faxina, atear fogo àquele vestido
última peça de luxo que guardei na retina
daquele dia de cobra, da maior humilhação.
posso escolher, ser gauche, me comover com a lua,
perder o bonde e a esperança e voltar pálida para casa.
pôr fogo em tudo, inclusive a mim.
este também é tempo de homens partidos,
de absoluta depuração.
e imenso trabalho nos custa a flor.
mas não há silêncio bastante para o meu silêncio.

2 comentários:

Iaiá disse...

todas querem dizer, que digam. adorei o post!
bjka.
I.

Anônimo disse...

te amo!