segunda-feira, dezembro 24, 2007



antes de ir embora vou fazer uma ode ao mar.
vou pisar na areia e fechar os olhos às cinco e meia da tarde.
vou sentar e prestar bem atenção no cheiro salgado.
pensar que ele é inocente e arredio, respirar profundeza, que a tensão é superfície e a vida quase nunca é lago.
vou escrever meu poema mais bonito e deixá-lo nômade numa garrafa com rolha. mas é para iemanjá.
será um verso branco, perfumado como jasmim, rendado labirinto de palavras. veloz, como ele disse um dia.
antes de ir embora vou dançar uma ciranda com a multidão imaginária.
todos que me já seguraram a mão festejarão a minha ciranda. porque vai ser primavera, verão, noite inteira, e bate no tom cardíaco de meu compasso.
é que tenho vários compassos.


antes de ir embora vou fazer uma ode à lua.
vou montar em um cavalo na hora gatuna, lança em punho, firmeza, esperança e certeza para toda encruzilhada.
vou abrir o peito para as chagas, vou cantar uma suave melodia e vou voar.
será uma canção azul, como o mundo visto do espaço, e será também negra, mestiça, burlesca, porque quem tem muito do mundo quer todos os pigmentos, etnias e instrumentos.
então será inevitavelmente uma canção de amor escarlate em tom maior.
e já não haverá mais dragões a perseguir, guerras a vencer, inimigos a que se proteger.
cantarei o destino alado de minha montaria com quase displicência desmedida. corajosa.
é que tenho vários caminhos.


antes de ir embora vou fazer uma ode ao sol.
vou chegar de madrugada e debruçar-me acácia na janela, esperando amante você chegar.
de minha janela vai nascer o dia, e dos olhos do sol em mim, mais uma primavera.
será como se fôssemos cingidos por um imenso hálito amoroso, roda de fogo fazendo música em volta das nossas cinturas.
verão nessa estação rodas como as de ezequiel, coisa semelhante a carvão ardente, parecida a tocha, que ia e vinha errante entre os seres viventes.
uma nuvem que vai do azul ao amarelo laranja e vermelho em instantes, como também seu próprio inverso.
resultará espiralado movimento, arrebatamento íntimo e sede estrangeira.
e terra fecunda, algo de dentro se move e irrompe reverência.
é que tenho aquela dança.

5 comentários:

Marcos Vinícius disse...

Gostei muito dos teus textos moça.
Já li quase todos, e no ritmo que vou terminarei ainda hoje. Parabéns...

Luana Cavalcanti disse...

PQP!!!

e eu vai junto, eu =D

Anônimo disse...

Lindo!!

Não deu. Esse eu tive que comentar.

Anônimo disse...

Gostei muito desse post e seu blog é muito interessante, vou passar por aqui sempre =) Depois dá uma passada lá no meu site, que é sobre o CresceNet, espero que goste. O endereço dele é http://www.provedorcrescenet.com . Um abraço.

Anônimo disse...

necessario verificar:)