quinta-feira, agosto 26, 2010

Queria ser Frida. Em vez de pintar espinhos, escreveria exílios. Então já não seria Frida. Seria silêncio branco, dente-de-leão no vento da tarde morna, talvez uma onda em alto mar.

Mas quando chegasse na arrebentação, iria para Lisboa, sentaria em uma calçada do Chiado, que tenho lá um coração. Depois que me abrisse a porta, seu sorriso franco me diria que só lhe faltava eu. E olharíamos as estrelas que dançam no alto do Tejo, abriríamos uma roda de samba em frente ao Brasiliana, tomaríamos chachaça e nos iria doer as saudades do nordeste. Eu lhe trazia um disco, de volta me guardava um livro, pequeno mas feito por suas mãos.

Ao final, ficaríamos bem. Comparíamos os óculos da moda, sairíamos à rua a cobrir tudo, quase selvagens. Aos poucos, com a memória exilada de tanto presente, teríamos nomes novos, nomes verdes e vermelhos. E como sobraria panos, brios, pedras! Nossa pele se tornaria negra e luminosa, teríamos poucos anos novamente e o futuro se faria longo num golpe de mágica.

Um comentário:

Unknown disse...

Mirela, te indiquei para o sunshine awards. vê no meu blog o que é isso.
beijos!!!