sexta-feira, julho 12, 2002

Impressionada com a falta de gentileza neste mundo. Não sei nem se é bem gentileza a coisa que falta. Acho que falta é cuidado com o outro mesmo. Se importar com o outro. O pior é que eu sou toda trouxa pelas outras pessoas aí quando acontece um negócio como o que aconteceu comigo nesse instante eu fico sem entender como é que a pessoa consegue viver assim, como se fosse sozinho no mundo e o mundo inteiro fosse só para si.

Eu vinha com exatamente 5 livros de banco de imagem (cada um deve pesar uns 3 quilos) 4 cds, um folder, um relatório e duas folhas de caderno com as minhas anotações esperando para entrar no elevador, sonhando com a cadeirinha do ascensorista que nunca existiu aqui n prédio. Quando a porta abre tem uma mulher em pé na frente da cadeirinha. Do jeito que esta sujeita estava ela ficou, em pé, parada, escorada na parede do elevador, toda torta, mas não teve o cuidado de perceber (e se percebeu não teve coragem de sair) que eu precisava daquele apoio que ela estava jogando no lixo. Aliás, ela estava com a cara nos botões e não teve nem a gentileza de perguntar qual o meu andar, já que estava me impedindo de usar as mãos para poder apertar o botão. Eu quem tive que pedir “aperta o novo pra mim, por favor”. E o pior de tudo, não consegui nem ser ignorante na hora de pedir por favor. Tenho raiva de ser assim, tão trouxa.

Isso foi uma besteirinha de nada, mas – e exatamente por isso – prova o ponto que chegamos na indiferença com a outra pessoa. Se esta cidadã não é capaz nem de perceber que eu precisava dela naquele momento, precisava de uma coisinha tão besta, só que ela se afastasse um pouco, fico pensando que ela não consegue perceber muita coisa, não. Vai ver que o mundo é dela e eu não sei.

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