sábado, julho 05, 2003

SOS - Tem Um Louco Solto no Espaço

E aí nesse dia a gente é lançado de dentro de um daqueles canhões como homens-bomba de circo. Logo nesse dia, parece que a gente nunca quis tanto ficar. Mesmo sabendo que, se ficasse, em uma semana ia estar esbravejando querer ir. Nesse dia, mesmo que a gente queira que não signifique muita coisa, é mais saudade as pessoas, mesmo que alí não estejam todas, os bancos, mesmo os que fizeram parte apenas da paisagem, as paredes, as portas, os caminhos, os cavalos de arame. Nesse dia que não tem futuro, ou tem, já que o futuro é essa coisa tenebrosa de mistério mesmo, mas nesse dia não dá muito pra olhar pro pra frente. A gente nem quer. Quem tá lá com a gente é o 99, o 2000, os engraçados que nós éramos - como se tivéssemos deixado de ser -, o que não foi feito, que insiste em perseguir sempre, a mim, pelo menos. Tem sim alguma coisa boa de importância e alívio, lá, funda, que mal faz cócegas e que a gente rejeita nesse dia que é meio de fossa. Tem o diabo do medo, esse inferno contornável. Amanhã, hoje não. E mistura tudo isso que eu tentei separar com um gostar dalí que teimou em aparecer justo agora e com um gostar daquelas coisas, que a gente tenta se convencer que ainda dá pra continuar fazendo do mesmo jeito de alguma forma. E hoje, pelo menos hoje, eu acho que não dá. A gente não é mais a mesma pessoa, porque aquilo que a gente ia vivendo sabendo que algum dia ia chegar, chegou.

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