quinta-feira, dezembro 23, 2004

Sim, só acontece comigo.

Delegacia, 00:30, de camiseta aparecendo a alça do sutiã preto, bermuda, toda descabelada, chinela de praia enfeitada com conchas e morrendo de fome. Entro na sala para fazer o B.O. do som do meu carro que acabara de ser roubado (ou outra suas demais vertentes que eu nunca sei a hora de empregar: furtado, assaltado, etc.), depois de ter recebido parabéns (sim, é o meu aniversário) de todos os assaltados presentes na delegacia, quando o escrivão (?) olha pra mim e pára o olhar por uns dois minutos, analisando. Quem me conhece deve até saber a minha reação. Pensei logo que ele ia fazer alguma piada, cerrei o punho, fiz cara feira, levantei o rosto, olhei o cara por cima:

- Gostaria de fazer um B. O.
- Você não já esteve aqui antes?
- Sim, já, fazendo o B. O. do meu celular que foi rubado há uns três meses.
- E o que foi agora?
- O som do meu carro. Um pioneer, mas...
- Quebraram o vidro?
- Não, arrombaram a fechadura. Acho que com chave de lixa, alguma coisa assim porque...
- Que horas foi que aconteceu?
- Por volta de dez e meia.
- Onde foi o local do furto? (oh, é furto!)
- Ildefonso Albano com Pinto Madeira, estacionamento do Hiper Mercantil.
- Tá explicado...
- Perigoso ali, né?
- É sim. Taqui seu B. O. Até a próxima!

Até a próxima? Que espécie de agouro é esse? Olhe 2004, se aguenta aí meu velho, só falta uma semana, não me apronta mais, faz favor.

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