sexta-feira, agosto 22, 2008

eram os meus anos mais bonitos. eu era nova. tinha muitos fios de cabelo, macios, vivos. eram os anos em que as minhas carnes quase andavam por si sós, sabiam o prumo que devia se dar para que fossem duras, enxutas, funcionantes. eram aqueles anos que passam mais rapidamente, um pisca, e quando se vê, já avista uma configuração toda diferente em cima do que foi sempre fácil. eu era esquecida e podia ser. e nesses anos, os meus melhores, meus dentes brancos e mãos sempre feitas só procuravam tua casca escorregadia. gastei batom, franzi testa, bati minha carne de tal maneira que agora já nem aceno traz dureza. a pele antes rosa agora sofre, doença de tensão, daquelas que se curam com ácido e recusa. e as pernas, então frias, macilentas, tentam entender em que momento, de tanto correr, desencontraram de si mesmas.

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