sábado, outubro 02, 2010

Então achou que descobriu. O valor então era a nitidez. Teria que engolir isso goela abaixo porque antes era ainda pior, ninguém via nada, e quando passaram a ver pela primeira vez, todos estranharam, quase os saídos da caverna. Hoje todo mundo já se acostumou a ver, é isso que importa, entendia agora, o valor era mesmo a nitidez, e como o tempo passaria mesmo, a não ser que houvesse de sua parte um grandioso esforço de rejeição, iria também se acostumar.

Depois que pensou isso e em mais umas duas ou três coisas se lembrou do chá. Tinha impaciência para a conversa do chá, porque ali iriam lhe explicar mais umas duas ou três coisas como o que é existir, a moda em Paris ou a última série que está bombando na tv full hd, e essas coisas se já não sabia era porque não queria mesmo saber.

Para essas horas havia um estratagema. Ligava a rádio da cabeça, rodava o filme que passava em seu cinema íntimo, repassava algumas citações que não cansava nunca de lembrar. O problema do mundo é a falta de imaginação, tinha vontade de dizer, mas estava sempre bem na melhor parte da música, na melhor cena, naquela hora que não dá pra largar o livro, e depois acabava esquecendo.

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