quarta-feira, dezembro 07, 2005

pensar que isso sou eu. e o morto que há em mim. o roto. o decomposto. alguém lá dentro me diz que estou sendo injusto. que há mortos muito mais putrefatos, a cara expelindo ranço e desgosto, que aquele, o Oscar, o Fingall, o O'Flahertie Wills, aquele, o Wilde, quando morreu, tudo estourou dentro dele, que o estômago explode, é o que dizem quando se está na pira, na Índia talvez, e ouve-se uma explosão a muitos passos dali. eu e minha "intensa fisiose", como dizem os médicos, o que você come, hen, um saco de ventos? engoliste, Vittorio, o fole de pele de boi onde Éolo guardava os ventos? palavras é o que guardo no meu fole.

8 comentários:

Caio M. Ribeiro disse...

Possivelmente uma das melhores coisas escritas pela Mirella.

E é sém. ^_^

Mirella Adriano disse...

macho, é da Hilda Hilst.

fosse meu eu já nem tava mais aqui.

Anônimo disse...

meu amor, a hilda ainda vai ser tua pastorinha, que nem o caio é meu pastor, até tenho uma fotinha dele que carrego na minha carteira, dele com 17 aninhos, todo lindo. que ele entendeu de tudo que é sentimento e talvez me guie. e outra, era amiguíssimo da hildinha, como eu e tu. rs...

Caio M. Ribeiro disse...

Sabia. Tava muito diferente do que tu escreve.

Mirella Adriano disse...

aff. brigaaaaada!

Anônimo disse...

Mirehilda Hilstriano ????

Suyá Lóssio disse...

Eita, pensei que era teu, como o Caio pensou =)
Triste, infeliz, bem escrito e que fala de putrefação: só o Augusto dos Anjos =P

Anônimo disse...

Eu guardo uma Preta no meu fole.